sábado, 16 de agosto de 2025

Padre Ezequiel Ramin, o missionário mártir da Amazônia

Padre Ezechiele Ramin


Por Paulo Teixeira

O Jovem Padre Ezequiel Ramin testemunhou com a vida sua fé

Corria o ano de 1953 quando em Pádua, no norte da Itália, nasceu Ezequiel Ramin. Na juventude, entre tantos sonhos e aspirações, decidiu tornar-se missionário comboniano. Sonhava ser missionário na África, mas bons ventos sopraram na bússola da missão e ele foi direcionado para a Amazônia. 

Tinha 30 anos quando chegou no Brasil. Estudou português e se encantou com a vida e a cultura das pessoas. Foi destinado a Cacoal, em Rondônia. Ali se encontrou com uma realidade surpreendente. No coração da floresta amazônica ocorria a colonização do estado. Junto com os migrantes que traziam sonhos em suas bagagens, surgiam novas comunidades, erguiam-se pequenas capelas que eram logo preenchidas pelos cantos e orações dos fiéis. As comunidades eram organizadas, as missas celebradas, a catequese transmitida pelos missionários que tinham muito trabalho para cuidar do novo rebanho que se congregava. 

Desbravando a Amazônia

A maior parte das pessoas vinha de estados distantes para trabalhar na agricultura. Eram empregados de grandes latifúndios ou pequenos proprietários tentando sobreviver. Antes que chegasse o progresso a Rondônia a violência já se fazia presente. Muitos trabalhadores rurais eram cooptados para ser pistoleiros, pois os rendimentos eram maiores operando a violência do que produzindo a terra.  

Padre Ezequiel Ramin ficou surpreso com a expulsão dos indígenas de suas terras e a desigualdade que imperava naquela região. Em seu caderno anotou: “nunca vi tanta terra e tanto arame farpado”.  

A missão de Padre Ezequiel Ramin era de anunciar o Evangelho e também denunciar as injustiças que via. “O meu trabalho aqui é de anuncio e denuncia. Não poderia ser diferente considerando a situação do povo. Precisamos apoiar bastante os movimentos populares e as associações sindicais. A fé precisa caminhar junto com a vida…”. Procurava ser um sinal de conciliação e promover o diálogo entre as partes em conflito.  

Em uma missa, dias antes de ser morto, o padre falou sobre as ameaças: “Não aprovamos a violência, embora recebamos violência. O padre que está falando, recebeu ameaças de morte. Querido irmão, se a minha vida lhe pertence, a minha morte também lhe pertencerá”. Exercendo sua nobre missão, em 24 de julho de 1985, com apenas 32 anos, Padre Ezequiel foi até uma comunidade avisar pequenos agricultores de que grandes proprietários estavam preparando uma ação violenta para os expulsar daquelas terras. No caminho, uma emboscada estava preparada contra o padre de apenas 32 anos que foi alvejado e deixado abandonado na estrada de terra.  

Padre Ezequiel Ramin dedicou sua juventude para a evangelização na Amazônia. Foi vítima da violência que não distingue os agentes de diálogo e é indiferente ao valor da vida. O testemunho de Padre Ezequiel é semente de novos cristãos e de uma nova consciência da vida cristã como combate em favor da vida de todos.

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