Hoje, somos convidados a mergulhar na misericórdia de Deus que transforma vidas, como vemos na experiência de São Paulo. As leituras de hoje nos chamam à humildade, à conversão e à lucidez espiritual, para que possamos seguir o Mestre com um coração sincero e um olhar purificado. Abramos nosso espírito para acolher a Palavra que salva e ilumina.
Na primeira leitura, São Paulo escreve a Timóteo com uma sinceridade que toca profundamente: “Eu, que antes blasfemava, perseguia e insultava, encontrei misericórdia” (1Tm 1,13). Aqui está o coração pulsante da fé cristã: a graça que não apenas perdoa, mas transforma. Paulo não se vangloria de sua conversão, mas reconhece que tudo é dom, dom da misericórdia; dom da missão; dom do amor que há em Cristo Jesus.
O salmo ecoa essa confiança: “Guardai-me, ó Deus, porque em vós me refugio” (Sl 15). O salmista não busca refúgio em si mesmo, nem em suas obras, mas em Deus, que é sua herança, sua taça, sua segurança. É esse refúgio que permite ao coração repousar, mesmo nas noites escuras da alma.
No Evangelho, Jesus nos confronta com uma parábola provocadora: “Pode um cego guiar outro cego?” (Lc 6,39). A imagem é forte. Jesus não está apenas falando de cegueira física, mas da cegueira espiritual, aquela que nos impede de ver a nós mesmos com verdade. Ele nos convida a tirar primeiro a trave do nosso próprio olho antes de querer corrigir o outro. Não por indiferença, mas por humildade. Só quem se reconhece necessitado da graça pode ser instrumento da graça para os outros.
Essa tríade: Paulo, transformado pela misericórdia; o salmista, refugiado em Deus; e o discípulo chamado à lucidez, nos aponta para um caminho de conversão contínua. A verdadeira liderança espiritual não nasce da perfeição, mas da humildade. Não é o saber que nos qualifica, mas o amor que nos purifica.
Que nesta sexta-feira, ao meditarmos essas leituras, possamos pedir ao Senhor um olhar limpo, um coração humilde e uma vida que testemunhe a misericórdia que nos alcançou. Que sejamos discípulos bem formados, não por mérito, mas por graça, e que essa graça nos torne semelhantes ao Mestre.
Assim seja!