domingo, 7 de setembro de 2025

Sete de Setembro: O Desafio de Negar o Ódio, e a Paixão para Reconstruir o Brasil


Olá, querido povo de Deus

Neste Sete de Setembro, o desfile em Brasília foi mais do que a marcha solene de soldados e o vibrar de bandeiras. Foi um espelho que refletiu a nação em sua busca por identidade e propósito. A multidão que se aglomerou nas esplanadas e a que, em silêncio ou com fervor, acompanhou o evento pela televisão, é a mesma que, há dois mil anos, seguia Jesus de Nazaré. E a passagem do Evangelho de Lucas (14, 25-33), que fala sobre o preço do discipulado, ressoa com uma clareza perturbadora no cenário político brasileiro de hoje.

Jesus, ao ver a multidão que o seguia, não a iludiu com promessas fáceis. Pelo contrário, Ele impôs uma condição radical: "Se alguém vem a mim e não 'aborrece' a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs, e ainda também a própria vida, não pode ser meu discípulo." É uma frase que soa dura, mas que, na sua essência, é um convite à primazia, à escolha de uma lealdade acima de todas as outras. No nosso contexto político, essa analogia é direta: a pátria e a ideologia de preferência, muitas vezes, exigem de nós uma lealdade que transcende os laços familiares e de amizade. Testemunhamos, dia após dia, a ruptura de lares e o fim de amizades em nome de uma convicção política. O Brasil se torna, para alguns, uma torre que exige a dedicação total, enquanto para outros, um campo de batalha onde é preciso escolher um lado.

Jesus continua a sua parábola com a imagem do construtor que precisa calcular o custo antes de iniciar a obra, e do rei que avalia suas forças antes de partir para a guerra. São imagens que clamam por prudência, planejamento e realismo. A política, em sua essência, deveria ser esse cálculo sensato. No entanto, o que observamos é o oposto: um excesso de paixão e uma escassez de racionalidade. Em vez de calcularmos os custos das nossas ações, mergulhamos em guerras de narrativas, onde a análise fria dos fatos é sacrificada no altar da paixão cega.

Neste Sete de Setembro, a independência é uma torre ainda em construção. O Brasil exige de nós mais do que palavras de ordem e desfiles cívicos. A verdadeira independência exige de cada um, a prudência do construtor, que calcula o custo de suas escolhas, e a coragem do rei, que sabe quando é preciso dialogar em vez de lutar. Ser independente não é apenas se libertar de um jugo externo, mas, ter autonomia de pensamento, e também, a capacidade de questionar e de reconhecer que o bem maior da nação está acima de qualquer lealdade partidária.

A crônica de hoje é um convite a essa reflexão. A pátria não é um líder, um partido, uma ideologia. A pátria somos nós, o nosso cotidiano, o nosso vizinho, a nossa família. Talvez a verdadeira independência comece no dia em que abandonarmos a lealdade cega e nos sentarmos, juntos, à mesma mesa para, com prudência e amor, reconstruir a nossa torre.

Senhor Deus, te pedimos que a luz deste Sete de Setembro ilumine não apenas a nossa pátria, mas a nossa consciência. Que nos conceda a sabedoria para sermos os construtores de um país justo e a coragem para dialogar com aqueles que pensam diferente. Livra-nos do ódio e da intransigência, e que o nosso amor pelo Brasil seja um amor que une, que cura e que nos faça discípulos do bem comum, da paz e da verdadeira liberdade.

Assim seja!

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