A Palavra de Deus que a liturgia nos oferece na memória de Santa Dulce Lopes Pontes, nos convida a meditar sobre a fidelidade, a visão e o poder transformador do amor fraterno.
A primeira leitura, do livro do Deuteronômio, nos apresenta o fim da jornada terrena de Moisés. Do alto do Monte Nebo, ele tem a visão de toda a terra prometida, mas não pode entrar nela. É uma imagem poderosa da fé. Moisés, mesmo sem alcançar o destino físico, cumpriu sua missão. Sua vida foi um testemunho de obediência e serviço a Deus. Ele viu de longe o que a sua fidelidade tornou possível para o seu povo.
E o que isso tem a ver com Santa Dulce, o Anjo Bom da Bahia? Ela, assim como Moisés, teve a visão. Não a visão de uma terra prometida, mas a visão de um Reino de Deus já presente aqui, na terra, no meio dos mais pobres e necessitados. Ela enxergou o rosto de Cristo naqueles que a sociedade ignorava. E, com uma fé inabalável, dedicou sua vida a construir esse Reino, um tijolo de cada vez, um ato de caridade após o outro.
O Salmo Responsorial reforça essa ideia com o convite: "Vinde ver as obras do Senhor, seus prodígios entre os homens!" Santa Dulce é um desses prodígios. Suas obras, iniciadas com quase nada além de sua fé, hoje são um farol de esperança e caridade. Ela nos mostra que a fé sem obras é morta e que o amor é a única linguagem que Deus entende e que transforma o mundo.
No Evangelho de Mateus, Jesus nos dá instruções claras sobre a correção fraterna e o poder da oração em comunidade. Ele nos diz: "Se dois de vós estiverem de acordo na terra sobre qualquer coisa que quiserem pedir, meu Pai que está nos céus lhes concederá. Pois onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estarei no meio deles."
Essa passagem não é apenas sobre resolver conflitos. É sobre a força da unidade em Cristo. É a certeza de que, quando agimos juntos, em nome de Jesus, Ele está conosco e nossas ações têm um poder extraordinário.
Santa Dulce compreendeu essa verdade de maneira profunda. Ela não agiu sozinha. Confiou na Providência Divina, mas também soube reunir pessoas, mobilizar a sociedade, construir uma rede de amor e serviço. Ela demonstrou que a fé e a caridade são mais fortes quando partilhadas. A sua vida é a prova de que a oração em comunidade e a ação fraterna são o caminho para a santidade.
Neste dia, somos convidados a olhar para Santa Dulce e nos perguntar: qual é a nossa terra prometida? O que Deus nos chama a enxergar e a construir? Estamos dispostos, como ela, a não apenas ver, mas a agir, a servir, a colocar nossa fé em prática? Acreditamos no poder da oração em comunidade, na força de estarmos unidos em nome de Cristo para transformar a nossa realidade e a vida dos que estão ao nosso redor?
Que o exemplo de Santa Dulce nos inspire a ter um olhar compassivo para os que sofrem, a ter a coragem de agir e a ter a certeza de que, quando nos unimos em amor, o próprio Cristo se faz presente entre nós.
Amém.