Por Martin Bürger
O cardeal Kurt Koch disse achar "desejável" expandir o acesso à missa tradicional, ou missa Tridentina, depois que o papa Francisco restringiu drasticamente a celebração da liturgia anterior à reforma do Concílio Vaticano II. Koch foi prefeito do Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos na Santa Sé por 15 anos.
Em entrevista ao site kath.net na última terça-feira (5), Koch disse que "não havia conversado com o papa Leão XIV sobre o assunto e não queria criar falsas esperanças". No entanto, disse: "Pessoalmente, ficaria muito feliz se encontrássemos uma boa solução".
“O papa Bento XVI abriu caminho ao acreditar que algo que vinha sendo praticado há séculos não poderia ser simplesmente proibido”, disse Koch, que é patrocinador do Novo Círculo de Estudantes Ratzinger desde 2012 e fala regularmente sobre Joseph Ratzinger, o papa Bento XVI, em eventos. “Isso me convenceu”.
"O papa Francisco optou por uma abordagem muito restritiva a esse respeito", disse também o cardeal. Em 2022, Francisco publicou o motu proprio Traditionis custodes que limitou drasticamente a celebração da liturgia tradicional. "Seria certamente desejável reabrir a porta que está atualmente fechada", disse Koch.
A liturgia tradicional foi celebrada em todo o mundo até o período posterior ao Concílio Vaticano II, mas posteriormente foi mantida só por um pequeno grupo de padres e fiéis. O papa Bento XVI disse em 2007 que a missa antiga nunca havia sido abolida.
Koch também falou com o kath.net sobre uma possível data comum para a Páscoa para as Igrejas Católica e Ortodoxa, algumas das quais seguem o calendário juliano, que reflete com menos precisão a órbita da Terra ao redor do Sol num ano.
“Minha principal preocupação é que busquemos uma data comum, mas que, ao fazer isso, não provoquemos novas divisões dentro das igrejas individuais ou da comunidade ecumênica”, enfatizou Koch. “Seria desejável e importante encontrar uma data comum para a Páscoa, mas só se isso não criar novas divisões”, disse também ele.
"Temos muito em comum com as Igrejas Ortodoxa Oriental e Ortodoxa em termos de fé e compreensão da Igreja", disse o cardeal sobre o estado do diálogo.
“A questão central é o ofício de Pedro. Também nesse caso, há um bom ponto de partida, visto que os ortodoxos reconhecem uma hierarquia de bispados na qual Roma tem precedência. No entanto, a questão em aberto é quais são os poderes do bispo de Roma: trata-se de uma primazia puramente honorária ou está associada a certos deveres e direitos?”