sexta-feira, 29 de agosto de 2025

A dignidade humana no centro da educação (artigo de Dom João)


Nessa quinta-feira (28/08/2025), a Arqui diocese de Natal, em parceria com instituições públicas, privadas e da sociedade civil, promoveu o Seminário Pacto Educativo Global: Desafios e Possibilidades para a Educação do Rio Grande do Norte. O encontro reuniu representantes de universidades, escolas, órgãos públicos, entidades de classe, educadores e lideranças de diversos segmentos sociais, com o objetivo de recolocar a educação no centro do desenvolvimento humano, social e cultural do nosso Estado. 

A iniciativa inspira-se no chamado feito pelo Papa Fran cisco, em 2019, para reconstruir um Pacto Educativo Global, capaz de unir famílias, escolas, igrejas, governos, empresas e comunidades na formação integral das novas gerações. Mais do que um evento, o Seminário foi o ponto de partida de um pacto pela educação que exige corresponsabilidade e compro misso coletivo. Afinal, a educação não é tarefa exclusiva da família ou da escola, é missão de toda a sociedade. 

A Arquidiocese de Natal possui uma trajetória marcada por iniciativas educacionais inovadoras. Em 1958, o Movimento de Natal lançou as Escolas Radiofônicas, que alfabetizaram milhares de pessoas no meio rural e inspiraram, em nível nacional, o Movimento de Educação de Base (MEB). Hoje, retomando esse legado, a Igreja une esforços com universidades, órgãos públicos e entidades civis para enfrentar os desafios atuais da educação, que vão desde os índices ainda elevados de analfabetismo até a fragilidade na formação integral de crianças, jovens e adultos. 

As mesas de debate e as propostas apresentadas no Seminário apontaram para a construção de um modelo educativo mais inclusivo, participativo e integral, atento tanto ás necessidades locais quanto aos princípios universais que orientam o Pacto. Entre esses princípios, destaca-se o de colocar a pessoa humana no centro de cada processo educativo, valorizando sua identidade, seus talentos e sua capa cidade de relação, em oposição a toda forma de descarte e desumanização. A educação deve for mar pessoas conscientes, livres e responsáveis, capazes de viver em comunidade e de contribuir para o bem comum. Esse princípio se torna ainda mais urgente no mundo de hoje. 

Avanços em genética, inteligência artificial e neurociência, aliados ao predomínio da lógica econômica, vêm diluindo as fronteiras entre humano, animal e máquina. O risco é reduzir a pessoa a mero recurso, dado ou objeto de manipulação. Falar de dignidade humana, nesse contexto, é reafirmar que ninguém pode ser tratado como meio, mas sempre como fim em si mesmo. É garantir que a ciência, a economia e a política estejam a serviço da vida, e não o contrário. Educar, portanto, não é apenas transmitir conteúdos, mas trilhar um caminho de humanização. 

Significa cuidar de todas as dimensões da pessoa intelectual, ética, espiritual e afetiva, preparando-a para ser protagonista de um mundo mais justo, solidário e sustentável. Por isso, o Pacto Educativo propõe reconstruir a confiança entre escola, família e comunidade, tão abalada nos tempos atuais, e restaurar a autoridade pedagógica como ser viço ao bem comum. O Seminário realizado em Na tal é, assim, um ato de esperança. Ao assumirmos juntos esse compromisso, abrimos caminhos para uma educação que seja luz para nossas escolas, alegria para nossas famílias e sinal de futuro para o Rio Grande do Norte.

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