Hoje a liturgia nos convida a contemplar dois gestos de profunda generosidade divina: o dom do maná no deserto e a semente espalhada pelo semeador. Ambos revelam um Deus que cuida, que alimenta e que semeia esperança.
No livro do Êxodo, vemos o povo de Israel, recém-liberto do Egito, já murmurando contra Deus por falta de comida. Em sua misericórdia, o Senhor faz chover o maná, o pão do céu, sustentando o povo dia após dia. Mas há um detalhe importante: o maná caía na medida certa, não podia ser armazenado, e ensinava ao povo a depender de Deus com confiança a cada manhã.
❝ Ele lhes deu o trigo do céu. ❞ (Sl 77,24) - Esse gesto aponta para o que Jesus realiza plenamente na Eucaristia: Ele é o verdadeiro Pão descido do céu, alimento para a alma e sustento para a jornada.
No Evangelho, Jesus se senta à beira do lago e fala por parábolas. A imagem do semeador que espalha a semente revela a abundância com que Deus oferece Sua Palavra. Ele não economiza sementes. Joga em todo tipo de terreno: à beira do caminho, em terra pedregosa, entre os espinhos e em terra boa.
Deus nos alimenta, Deus nos fala, mas somos nós que decidimos acolher ou resistir. A Palavra de Deus não é uma fórmula mágica: ela precisa cair num coração aberto, humilde e disponível.
Hoje, somos chamados a confiar como o povo do deserto e a escutar como terra boa. Confiar que Deus cuida de nós e nos dá o que precisamos. E escutar com profundidade, deixando que a Palavra germine, cresça e dê frutos de amor, paz e santidade.