quinta-feira, 10 de julho de 2025

JULHO AZUL: COMISSÃO DA CNBB PROPÕE “MÊS DE LUTA PELA LIBERDADE” PARA COMBATER O TRÁFICO DE PESSOAS

A Comissão Episcopal Especial para o Enfrentamento ao Tráfico Humano da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) propõe, para o mês de julho, ações de conscientização para combater o crime de tráfico de pessoas, inspiradas na Campanha Coração Azul da ONU.

Em um esforço contínuo para dar visibilidade a um crime que muitas vezes passa despercebido no cotidiano, a Comissão Episcopal Especial para o Enfrentamento ao Tráfico Humano da CNBB dedica o mês de julho ao fortalecimento das mobilizações contra o tráfico de pessoas. A iniciativa, intitulada “Mês de Luta pela Liberdade”, tem como lema: “Tráfico de pessoas existe, e enfrentá-lo é a nossa missão!”.

A mobilização se alinha ao Dia Mundial de Combate ao Tráfico de Pessoas, celebrado em 30 de julho. A data foi instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2013 com o objetivo de mobilizar governos e a sociedade civil para a conscientização sobre essa grave violação dos direitos humanos. Neste ano, a Comissão se inspira na “Campanha Coração Azul”, uma iniciativa global da ONU contra o tráfico de pessoas. Com o objetivo de conscientizar a sociedade sobre o tráfico de pessoas, a Comissão e parceiros propõe uma série de atividades para o mês de julho.

Entre as ações sugeridas estão a organização de cine-fóruns com o filme “Marcas da Fronteira” e incentivando a realização de manifestações e audiências públicas. Adicionalmente, a comissão recomenda recursos como o Roteiro Orante da Rede Um Grito Pela Vida e a série “Vozes de Clamor, Ecos de Esperança”, produção da Rede Clamor que aborda experiências lideradas e acompanhadas pela Igreja em diferentes países da América Latina que enfrentam o tráfico de pessoas.

Um crime silencioso e crescente

O tráfico de pessoas utiliza métodos como violência, manipulação, falsas promessas de emprego e golpes amorosos para atrair vítimas de todas as idades. Estas são submetidas à exploração sexual, trabalho análogo à escravidão, adoção ilegal, remoção de órgãos e criminalidade forçada. O medo de represálias muitas vezes impede as vítimas de procurar ajuda.

Recentemente, o caso de dois jovens brasileiros atraídos por falsas ofertas de emprego na Tailândia, que acabaram em cárcere privado por três meses em Mianmar, ilustra a realidade deste crime. Eles foram forçados a trabalhar em esquemas de golpes online conhecidos como “catfishing”. Este tipo de crime forçado, incluindo fraudes online, tem aumentado globalmente, passando de 1% do total de vítimas em 2016 para 8% em 2022.

Um relatório global divulgado no final de 2024 apontou um aumento de 25% no número de vítimas de tráfico de pessoas. Estima-se que existam cerca de 2,5 milhões de vítimas em todo o mundo. Mulheres e meninas continuam sendo a maioria. Dados apontam que mais de 38% das vítimas são traficadas para exploração sexual, sendo mulheres e meninas as que mais sofrem com abusos. O trabalho forçado corresponde a outros 38% dos casos, e 10% são forçadas a cometer crimes. No caso específico de meninos, 45% são traficados para trabalho análogo à escravidão e 47% para outros fins, como mendicância e criminalidade forçada.

A prática deste crime silencioso também é uma realidade nas regiões de fronteira do Brasil, tanto no Sul quanto na Amazônia. A desinformação tem sido uma arma poderosa usada por grupos que buscam controlar as populações mais vulneráveis, especialmente nas áreas mais pobres do país. Nestes últimos tempos, com o aumento das migrações em razão de guerras e crises climáticas, migrantes e refugiados tornam-se alvos de criminosos. Pesquisadores apontam para a existência de empresas especializadas no tráfico e no transporte clandestino de pessoas, cuja atuação tem crescido especialmente nas regiões de fronteira.

Apelo por um esforço conjunto

A Igreja Católica, historicamente engajada na causa, reforça o apelo por ações concretas. Em fevereiro de 2025, o Papa Francisco exortou a todos a um grande esforço para banir a exploração e o tráfico, que nascem das injustiças e das guerras. O Pontífice afirmou que “somente com a ajuda de Deus é possível vencer a tentação de pensar que o tráfico de pessoas nunca será erradicado. Podemos criar, com coragem e eficiência, iniciativas específicas para enfraquecer e combater os mecanismos econômicos e criminosos que lucram com o tráfico de pessoas e a exploração”.

É neste sentido que a Comissão reforça que não se trata apenas de números, mas de pessoas que sofrem graves violações e precisam ter seus direitos e suas vidas respeitados. Neste Ano Jubilar, a Igreja Católica fortalece as mobilizações para sensibilizar para a Escuta e incentivar as ações, eixos fundamentais no enfrentamento ao tráfico de pessoas em todo o mundo. Para viabilizar essas ações, a Comissão disponibilizará materiais de apoio como roteiros, guias, cadernos de estudos e filmes. Conheça os materiais disponíveis:

Conheça os materiais disponíveis:

Guia para Cine-Fóruns de Combate ao Tráfico de Pessoas: Este guia oferece um roteiro detalhado para a organização de cine-fóruns. O objetivo é utilizar o cinema como ferramenta para gerar debate e conscientização sobre as diversas facetas do tráfico humano.

Documentário “Marcas da Fronteira: O Tráfico de Pessoas existe e é visível”: O filme investiga a realidade do tráfico de pessoas, destacando suas interconexões com a crise migratória, a desigualdade social e crimes socioambientais, como o garimpo ilegal. A obra é um recurso fundamental para ilustrar a complexidade e a visibilidade deste crime na sociedade.

Roteiro Orante para o “Julho Azul”: Elaborado pela Rede Um Grito Pela Vida, este roteiro de oração traz o tema “Escutar o clamor, libertar vidas”. O material convida à reflexão e à ação concreta durante o mês de julho, período dedicado mundialmente ao enfrentamento ao tráfico de pessoas.

Caderno “Nas Trilhas do Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas”: Esta publicação apresenta conceitos, modalidades e formas de prevenção ao tráfico de pessoas, seguindo a metodologia “ver, analisar e agir”. Enriquecido com ilustrações, para facilitar a compreensão, é um instrumento para auxiliar no alerta, na conscientização e no enfrentamento do tráfico.

Material de divulgação (aqui)

Sobre a Comissão

A Comissão Episcopal Especial para o Enfrentamento ao Tráfico Humano é um organismo da CNBB que tem como missão articular e promover ações de prevenção e enfrentamento ao tráfico de pessoas no Brasil. A Comissão atua em rede, somando forças com a Comissão Pastoral da Terra (CPT), na luta contra o trabalho escravo, a ASBRAD, que atua na defesa da mulher, da infância e da juventude, a Rede Um Grito Pela Vida, uma parceira desde sempre e que neste ano de 2025, completa 18 anos de atuação em defesa da vida, trabalhando na prevenção e combate e também a Rede CLAMOR Brasil, com seu trabalho fundamental junto a migrantes e refugiados.

Contato para Imprensa Cláudia Pereira – (11) 97261-3732

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