quinta-feira, 10 de julho de 2025

Fundação Magis apoia juventude e os mais vulneráveis rumo à esperança e à paz

2025.02.27 Repubblica Centrafricana

«Ser artífices do próprio futuro» é o desejo profundo de muitos jovens da República Centro-Africana que, há anos, contam com o apoio concreto da Fundação Magis, obra missionária da Província Euro-Mediterrânica da Companhia de Jesus. Em Bangui, a fundação colabora activamente com o Centro Católico Universitário, apostando numa formação integral que visa capacitar jovens e pessoas em situação de maior vulnerabilidade – sobretudo mulheres – para uma vida digna e autónoma. Giada Aquilino - L'Osservatore Romano

O projecto, apoiado por doações e financiado também com fundos da Conferência Episcopal Italiana através do mecanismo do 8xMille, tem como foco a promoção da formação académica e profissional, bem como o fortalecimento da autodeterminação económica. «O Magis está presente no país há mais de cinco anos, mas já antes, entre 2013 e 2015, atuava em conjunto com o Jesuit Refugee Service em apoio aos deslocados, particularmente na zona de Bambari», explica Sabrina Atturo, cooperante internacional dos Jesuítas e responsável pelo projecto no terreno.

Um país ferido, mas com esperança A República Centro-Africana, ainda marcada pelas consequências do conflito deflagrado em 2013 entre milícias Seleka e grupos anti-Balaka, continua a viver uma situação de grande instabilidade e insegurança. O acordo de paz assinado em 2019 trouxe algum alívio, mas a presença de grupos armados em vastas zonas do país e o clima de tensão face às eleições municipais de agosto e às legislativas e presidenciais de dezembro continuam a preocupar a população. O actual presidente, Faustin-Archange Touadéra, procura um terceiro mandato, permitido pela nova Constituição aprovada em 2023 através de um referendo boicotado por diversas forças da oposição.

«Neste momento há um certo impasse, sem confrontos abertos, mas com a presença persistente de grupos armados», afirma Atturo. 

Educação e dignidade para a juventude Num país onde apenas existe uma universidade – situada em Bangui – os jovens vindos de todo o território enfrentam grandes dificuldades. «Muitos têm poucos recursos e a capital tornou-se uma cidade cara. Mais de metade da população vive com menos de um dólar por dia», sublinha Atturo. Perante esta realidade, o projecto da Fundação Magis apoia cerca de 800 jovens por ano, oferecendo não só apoio académico como também cursos de formação profissional em áreas como informática, mecânica, energias renováveis e costura.

Além disso, estão a ser criadas parcerias com empresas locais para facilitar estágios e oportunidades de integração no mercado de trabalho, promovendo também a formação em liderança, para que os jovens possam tornar-se agentes de transformação nas suas comunidades, através da criação de cooperativas e associações.

Mulheres: prioridade na inclusão e autonomia As mulheres continuam a ser especialmente vulneráveis, sobretudo fora da capital, onde muitas são vítimas de violência e abuso. «A educação feminina é muitas vezes secundarizada pelas famílias, que dão prioridade aos rapazes, especialmente quando os recursos são escassos», lamenta Atturo. Por isso, o acompanhamento personalizado de cada jovem mulher torna-se essencial, promovendo actividades geradoras de rendimento e caminhos de plena autonomia.

Educar para a paz O Magis contribui também para a pacificação do país, formando mais de 350 jovens como educadores e voluntários da paz, em sintonia com o apelo lançado pelo Papa Francisco durante a sua visita à República Centro-Africana, em 2015. «Criam-se grupos de diálogo e reconciliação, onde se relê o conflito à luz da escuta e do perdão, promovendo iniciativas inter-religiosas e interconfessionais, orientadas para a construção da paz».

A dor de uma comunidade ferida Durante o Angelus de 29 de junho, o Papa Francisco assegurou a sua oração pelas vítimas da explosão de um transformador eléctrico na escola secundária Barthélémy Boganda, em Bangui, que provocou a morte de pelo menos 20 pessoas durante os exames de final de curso. Este trágico acontecimento revela, uma vez mais, a fragilidade do sistema educativo, ainda marcado pelos efeitos da guerra. «Muitas escolas foram saqueadas ou destruídas e continuam ocupadas por grupos rebeldes», relata Atturo.

Num contexto tão desafiante, o trabalho da Fundação Magis continua a ser sinal de esperança e fermento de um futuro diferente, onde cada jovem possa descobrir a sua dignidade e contribuir para uma República Centro-Africana mais justa e reconciliada.

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