A liturgia de hoje nos convida a contemplar o poder da oração que nasce da fé e da confiança no Deus misericordioso. Como Abraão, somos chamados a dialogar com o Senhor, interceder pelo mundo e acreditar que sua justiça é sempre temperada com amor. Veremos nesta celebração que, Jesus nos ensina o valor de pedir, buscar e bater à porta do coração do Pai, o qual nos dá como herança a oração do Pai Nosso, expressão plena da nossa condição de filhos.
Na primeira leitura do livro do Gênesis, Abraão ousa conversar com Deus sobre o destino de Sodoma. Essa cena revela um Deus que escuta, que dialoga, que aceita ser interpelado. Abraão não é arrogante, mas persistente, quase teimoso, porque acredita que a justiça divina também se expressa na misericórdia. Isso nos ensina que a oração é antes de tudo uma relação de confiança. E mais: Deus não é alheio à dor humana — Ele ouve, pondera, e age com amor.
Em resposta, o salmista canta: “Quando te invoquei, me atendeste” — este refrão nos convida a recordar que, mesmo em nossas angústias e pequenezas, Deus responde. Ele não é um conceito distante, mas presença concreta que sustenta o humilde.
Já na segunda leitura de hoje, o Apostolo Paulo nos lembra que, pelo batismo, participamos da morte e ressurreição de Cristo. Fomos libertos do pecado e das suas consequências. Esta é a resposta definitiva de Deus à humanidade: o dom da reconciliação e da vida nova.
Por fim, no Evangelho, Jesus nos ensina que a oração do Pai Nosso não é apenas uma fórmula, mas uma experiência de filiação. Ele apresenta um Deus que é Pai — generoso, atento, próximo. E para aqueles que duvidam se a oração é eficaz, Jesus diz claramente: “Pedi e recebereis; buscai e achareis; batei e vos será aberto.” Mas não é qualquer pedido — é aquele que nasce do coração sincero, do desejo de viver conforme o Reino.
Nesta liturgia, somos convidados a renovar nossa confiança na oração. Não como uma repetição automática, mas como um diálogo vivo e transformador. Que cada um de nós aprenda com Abraão a ser persistente, e com Jesus a confiar que o Pai não nos dará uma pedra quando pedimos pão.
Assim seja!