O bispo auxiliar do Rio de Janeiro (RJ) e secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Joel Portella Amado, afirmou, na Coletiva de Imprensa de balanço da Assembleia Regional do Cone Sul e da Etapa Continental do Sínodo dos Bispos 2021-2024, que o Brasil também está aprendendo a viver o Sínodo no processo rico e desafiador proposto pelo Papa Francisco para a Igreja.
O secretário-geral da CNBB afirmou que a Assembleia do Cone Sul não foi um encontro de peritos e expertos em Igreja, mas de irmãos e irmãs. “Isto é a grande lição. Conversando com muitos dos representantes dos grupos brasileiros, vimos que foi uma grande aula de sinodalidade. Porque comunhão e sinodalidade só se aprende fazendo”, disse.
Dom Joel enalteceu a participação na Igreja no Brasil na fase diocesana. “Na primeira etapa, tivemos a participação de 97% de 279 de nossas Igrejas Particulares. Dos três por cento que não participaram, foi por questões relacionadas a mudanças de bispos”, disse. O secretário-geral afirmou que o número expressa uma adesão integral da Igreja no Brasil, um dos países com o maior número de dioceses do mundo.
Ele destacou ainda que 62% das dioceses brasileiras enviaram sua síntese em preparação à etapa continental o que, em sua avaliação, é também um número satisfatório, considerando que o envio se deu num tempo em que no país vive-se o Natal, o Ano Novo e as férias.
“Não podemos nos dar por safisfeitos”
Contudo, o bispo reforçou que o processo sinodal não pode se dar por satisfeito quanto à participação porque é sempre a expressão de um processo que avança cada vez mais.
“Na medida em que é a expressão de Deus-Trindade e que vai se concretizando entre nós, cada momento, cada etapa representa um alargar”, disse em referência à exortação bíblica que anima a etapa Continental extraída do livro de Isaías, 54,2: “Alarga o espaço da tua tenda”.
Ele citou, como exemplo, o esforço que o Celam abriu, além das categorias já tradicionais padres, bispos, leigos, consagrados e consagradas, a escuta de grupos e pessoas que não são usualmente acolhidos pelos modos atuais de ser Igreja, como por exemplo a população do povo de rua, setor de proteção de menores, população carcerária, o diálogo inter-religioso, a questão LGBTQIA+. “O fato de virem participar conosco, permite-nos construir novas relações e perspectivas nos modos de ser Igreja”, disse.
Dom Joel falou do papel da CNBB no suporte da organização do Cone Sul em diversos serviços como a infraestrutura, as equipes da Casa dom Luciano de Almeida, de comunicação, entre outros. Ao Conselho Episcopal LatinoAmericano e do Caribe (Celam) explicou que coube o papel de organizar as quatro Assembleias Regionais da Etapa Continental e assegurar a unidade em todo o processo.
O bispo auxiliar do Rio de Janeiro também enalteceu a comunicação vivida na Assembleia Regional do Cone Sul que reuniu representantes da Igreja Católica da Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai. “Na verdade, quem fala português compreende espanhol e vice-versa. Esta foi uma das experiências mais ricas vividas aqui. Este esforço de quem fala espanhol tentando falar português e o esforço de quem fala português tentar falar o espanhol. São muitas lições que só o tempo nos vai permitir saborear”, disse.
Ele informou que na próxima semana a Equipe de Animação do processo do Sínodo no Brasil vai se reunir com vistas a pensar sobre como manter a Igreja no Brasil ativa nesse processo de escuta. Ele também participa de 21 a 23 de março na sede do Celam, em Bogotá (Colômbia), de um encontro que produzirá a síntese das quatro Assembleias Regionais realizadas na América Latina e Caribe
Fase Continental
A fase continental do Sínodo começou em 27 de outubro do ano passado com a publicação do Documento de Trabalho para a Etapa Continental (DEC), inspirado pela exortação de Isaías: “Alarga o espaço da tua tenda!” (Is 54,2). O DEC apresenta um mosaico dos processos de escuta que marcaram a primeira fase do sínodo e subsidiou uma nova escuta das Igrejas particulares.
As conferências episcopais organizaram a uma nova síntese de cada país que foi a base para os diálogos nas assembleias da etapa continental. Na América Latina e Caribe foram realizadas quatro Assembleias Regionais sendo na região da Centro-américa-México, em São Salvador (El Salvador), de 13 a 17 de fevereiro de 2023; no Caribe, em Santo Domingo (República Dominicana), de 20 a 24 de fevereiro; Bolivariana, em Quito (Ecuador), de 27 de fevereiro a 3 de março, e no Cone Sul (Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai) de 6 a 10 de março.
Próximos passos
Haverá uma reunião da Equipe para a Fase Continental com delegados para a redação da Síntese Continental, de 17 a 20 de março, em Bogotá, na Colômbia. E, de 21 a 23 de março, os secretários-gerais, de forma presencial, e os presidentes das Conferências Episcopais, de forma virtual, vão reler colegialmente a experiência sinodal vivida com base no seu carisma e responsabilidade específicos, mas respeitando o processo realizado e sendo fiéis às diferentes vozes do Povo de Deus.
Este documento será enviado, até 31 de março de 2023, à Secretaria Geral do Sínodo para constituir, juntamente com os dos outros seis continentes, a base do Instrumentum Laboris da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que terá a sua primeira sessão em outubro deste ano e a sua segunda sessão em outubro de 2024.