sábado, 5 de outubro de 2024

A grandeza da política e a responsabilidade da escolha

Por Diác. Zé Bezerra

Os municípios brasileiros vivem os “acordes finais” de uma maratona política cuja reta final é eleger os gestores – prefeitos – e legisladores – vereadores – para o mandato dos próximos quatro anos, a partir de 2025. A campanha política proporcionou aos eleitores a possibilidade de conhecer os candidatos aos cargos para o executivo e legislativo de cada município. Mas fica no ar uma pergunta inquietante. Será que o eleitor chegou a conhecer, realmente, os candidatos a ponto de escolher, conscientemente, os melhores para o seu município? Ou será que se deixou levar por promessas mirabolantes de alguns candidatos e neles decidiu votar, enquanto deixou de lado os melhores, ou pela “paixão” político-partidária ou, até, mesmo pela amizade?

As perguntas são, digamos, “atrevidas” para os que dizem ter amadurecimento, consciência política e capacidade de escolher os melhores... Porém, às vezes, as “paixões” políticas não deixam o eleitor enxergar os melhores para gerir e legislar visando o bem do município e dos seus munícipes, entre os quais você, eleitor. Por essa e muitas outras razões, existe a campanha política que deve, ou se não ocorre ao menos deveria, levar o eleitor a eleger aquele que apresenta a melhor proposta de governo visando o bem estar do cidadão.

Para realizar uma boa escolha, o eleitor deve ter um mínimo de conhecimento sobre se o plano de governo proposto é exequível ou se é uma “cortina de fumaça” que encobre segundas intenções do candidato... Ou seja, ele quer o poder não visando o melhor para o município e os munícipes, mas para tirar proveito para si e seus aliados ou familiares. O Papa Francisco, na carta encíclica Laudato Si e na Fratelli Tutti, aborda a questão política de forma bem interessante. Diz o Papa: “Gostaria de insistir que a política não deve submeter-se à economia, e essa não deve submeter-se aos ditamos e ao paradigma eficientista da tecnocracia”(LS 189 e FT 177).

E o Santo Padre acrescenta, ainda nos dois documentos: “Embora se deva rejeitar o mau uso do poder, a corrupção, a falta de respeito às leis e a ineficiência, não se pode justificar uma economia sem política, porque seria incapaz de promover outra lógica para governar os vários aspectos da crise atual”(FT 177 e LS 198). O Papa acrescenta que “pelo contrário, precisamos de uma política que pense com visão ampla e leve por diante uma reformulação integral, abrangendo em um diálogo interdisciplinar os vários aspectos da crise”(FT 177).

Outro embasamento orientador ao eleitor na escolha gestor do seu município e dos legisladores é considerar esse pensamento do Papa Francisco sobre a Política: “Penso em uma política salutar, capaz de reformar as instituições, coordená-las e dotá-las de bons procedimentos que permitam superar pressões e inércias viciosas”(LS 181). Ou seja, quando a política é usada retamente na gestão do município, ela pode melhorar a qualidade de vida do cidadão que ali reside. Assim sendo, a escolha do eleitor deve ser pautada a partir dos melhores planos de governo, e não por uma escolha pessoal de alguém vazio de propostas.

Afinal, “a grandeza política mostra-se quando, em momentos difíceis, se trabalha com base em grandes princípios e pensando no bem comum a longo prazo”, lembra o Papa Francisco na Fratelli Tutti (178). Então, se os candidatos em quem pretende votar para gerir o seu município e propor leis municipais têm essa “grandeza política”, pode ser uma boa escolha. Ao contrário, se é um “bravateiro”, vazio de proposta e se destaca pela afronta aos adversários, ele não tem essa grandeza política de que fala o Papa Francisco.

Enfim, estes argumentos têm a intenção de mostrar a grandeza do seu voto e a sua responsabilidade na escolha de quem vai escolher para governar o seu município e compor a Câmara Municipal. E você é livre para fazer a sua escolha. Afinal, vive-se numa Democracia e a liberdade de escolha eleitoral de cada um é intocável. Não deixe de votar.






Diácono José Bezerra de Araújo Assistente eclesiástico da PASCOM

Arquidiocese de Natal

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