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Na primeira leitura, São Paulo nos revela um mistério profundo: “Deus encerrou todos na desobediência para usar de misericórdia para com todos” (Rm 11,32). Essa afirmação nos convida a contemplar a lógica divina, que não se baseia em méritos humanos, mas na misericórdia gratuita. O apóstolo nos lembra que os dons e o chamado de Deus são irrevogáveis. Mesmo quando o ser humano se afasta, Deus permanece fiel. Isso é motivo de esperança para todos nós: ninguém está fora do alcance da graça.
O salmo 68 é um clamor de alguém que sofre injustamente, mas que não deixa de louvar: “Eu sou pobre e sofrido: que vosso auxílio, ó Deus, me levante!” (R. 14c). O salmista nos ensina que o louvor não é apenas fruto da alegria, mas também da confiança em meio à dor. Louvar a Deus quando tudo vai bem é fácil; louvar quando estamos no vale da sombra é sinal de fé madura. Esse louvor é agradável a Deus, mais que sacrifícios externos.
No Evangelho, Jesus nos desafia a romper com a lógica da retribuição: “Quando deres um banquete, convida os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos. Então serás feliz!” (Lc 14,13-14). A felicidade verdadeira não está em receber algo em troca, mas em amar gratuitamente. O Reino de Deus é construído por gestos que não buscam reconhecimento, mas que refletem o amor de Deus pelos excluídos.
Hoje somos convidados a viver a misericórdia como estilo de vida. Isso significa: reconhecer que todos somos necessitados da graça, louvar a Deus mesmo nas tribulações e praticar a caridade sem esperar retorno.
Na comunidade, isso se traduz em acolher sem distinção, servir sem buscar status, e amar como Cristo ama. Que nossas ações sejam reflexo da gratuidade divina, e que esta Palavra nos inspire a viver com mais generosidade, confiança e gratidão. Que o Senhor nos ajude a sermos sinais vivos da sua misericórdia no mundo.
Assim seja!
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