Olá, povo de Deus, que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam convosco!
Neste 26º Domingo do Tempo Comum, a Palavra de Deus nos convida a abrir os olhos e o coração para uma realidade que muitas vezes preferimos ignorar: a distância entre ricos e pobres, entre os que vivem no conforto e os que sofrem à margem da sociedade. E mais do que isso, nos chama à conversão, à compaixão e à responsabilidade diante do sofrimento alheio.
Na Primeira Leitura, o profeta Amós denuncia com veemência os que vivem no luxo e na indiferença, enquanto o povo sofre. Ele fala aos poderosos de Israel, que se deitam em camas de marfim, banqueteiam-se com os melhores alimentos e se divertem com música, mas não se preocupam com a ruína do povo. A consequência? Serão os primeiros a ser deportados. Amós nos alerta: a indiferença diante da dor do outro é pecado grave.
O Salmista canta, “Bendize, ó minha alma, ao Senhor” e nos lembra que o Senhor é fiel, justo, misericordioso. Ele faz justiça aos oprimidos, dá pão aos famintos, liberta os cativos. Deus está do lado dos pobres, dos que sofrem, dos que são esquecidos. E se queremos ser seus discípulos, precisamos estar também.
Na Segunda Leitura, São Paulo exorta Timóteo e a nós, a fugir da ganância e a buscar a justiça, a piedade, a fé, o amor, a perseverança e a mansidão. Ele nos chama a combater o bom combate da fé, a viver com dignidade e esperança, aguardando a manifestação gloriosa de Cristo. A verdadeira riqueza não está nos bens materiais, mas na vida íntegra diante de Deus.
E no Evangelho de Lucas, Jesus nos apresenta a parábola do rico e do pobre Lázaro. O rico vivia em festas e luxo, enquanto Lázaro, coberto de feridas, desejava apenas as migalhas que caíam da mesa. Após a morte, os papéis se invertem: Lázaro é acolhido no seio de Abraão, e o rico sofre no Hades. A parábola é clara: não basta viver bem, é preciso viver com compaixão. O rico não é condenado por ser rico, mas por ser indiferente.
Enfim, a Palavra de hoje nos provoca: quem são os “Lázaros” que estão à nossa porta? Talvez não estejam cobertos de feridas físicas, mas de feridas emocionais, espirituais, sociais. São os que sofrem com a fome, com o abandono, com a exclusão. E nós, como Igreja, como discípulos de Cristo, somos chamados a enxergá-los, a nos aproximar, a estender a mão.
A parábola também nos alerta sobre o tempo: o rico só percebe sua falha quando já é tarde. Hoje é o tempo da conversão, da caridade, da escuta. Não podemos esperar o amanhã para amar. Que esta liturgia nos leve a um exame de consciência: tenho sido sensível ao sofrimento do outro? Tenho partilhado o que tenho? Tenho vivido a fé com generosidade e compaixão?
E que o Senhor nos conceda um coração semelhante ao seu: atento, misericordioso, justo, para que assim, ao final da nossa caminhada, possamos ouvir: “Vinde, benditos de meu Pai!”
Assim seja!