Os milagres 'Extra-Oficiais' de Irmã Dulce, a primeira santa nascida no Brasil
Há 18 anos, em uma manhã do primeiro dia da primavera, em Irecê, na Bahia, e Milena Vasconcelos deu à luz ao seu primeiro filho, João Victor. O parto foi bem-sucedido, e mãe e filho estavam em perfeito estado. No entanto, alguns momentos depois, a alegria deu lugar à apreensão. Por volta das 14h do dia 21 de setembro de 2007, já no quarto da maternidade, teve início a sequência de eventos que Milena até hoje conta com vívidos detalhes.
Milena começou a sentir uma súbita palidez. Uma hemorragia incontrolável surgiu, levando-a rapidamente para a UTI.
Os médicos, em sua luta desesperada, realizaram todos os procedimentos possíveis, mas a gravidade da situação era alarmante. O desespero tomou conta. Eulália Garrido, mãe de Milena, recebeu a terrível notícia: não havia mais nada que a medicina pudesse fazer para salvar sua filha.
Em meio a essa escuridão, Eulália decidiu buscar forças na fé. Em um ato de devoção, ela pegou um postal de Irmã Dulce, a freira baiana que havia carregado com Milena durante toda a gestação.
Com o postal em mãos, Eulália falou em voz alta para que todos ouvissem: "Agora, quem vai operar é você, Irmã Dulce!"
Milena se recorda vividamente desse momento. "Era como se estivesse saindo de um túnel. Eu sentia uma mão enrugada me puxando e a luz voltando. Em 15 minutos, a hemorragia parou, como se nada tivesse acontecido," relatou a mulher, que hoje vive bem ao lado de João Victor. Para ela, essa experiência foi um claro sinal da intercessão de Irmã Dulce.
Os tantos milagres de Irmã Dulce
Embora este caso não seja considerado um milagre oficial, ele faz parte de uma imensidão de relatos de graças alcançadas através da intercessão da freira.
Irmã Dulce, carinhosamente chamada de Anjo Bom da Bahia, em breve será reconhecida oficialmente como Santa Dulce dos Pobres. A cerimônia de canonização, conduzida pelo Papa Francisco, está marcada para o dia 13 de outubro, no Vaticano, apenas 27 anos após sua morte — a terceira canonização mais rápida da história da Igreja Católica.
Para que Irmã Dulce fosse canonizada, a Igreja exigia a documentação de dois milagres. O primeiro ocorreu em 2011 e era semelhante à história de Milena, enquanto o segundo envolveu um homem que recuperou a visão depois de 14 anos de cegueira. Antes de serem oficialmente reconhecidos, esses casos chegaram às Obras Sociais Irmã Dulce (Osid) como muitos outros relatos de pessoas que se consideravam beneficiadas, mesmo sem a validação do Vaticano.
O Memorial de Irmã Dulce guarda com carinho mais de 13 mil relatos desde 1992, ano de sua morte. Cada testemunho é um eco da devoção de fiéis que acreditam na intercessão da freira, que, em breve, será venerada como a primeira santa nascida no Brasil. Assim, a fé e a devoção à Santa Dulce dos Pobres continuam a iluminar a vida de muitos, reforçando a crença de que a graça divina está sempre ao nosso alcance.