Neste 3 de agosto, celebrando o 18º domingo do tempo comum, a nossa temática é “ser rico para Deus”. Temos aí o texto do livro do Eclesiastes, Coélit é o autor. Depois temos o evangelho de Lucas, o capítulo 12, onde nós encontramos exatamente uma parábola; o encontro de umas pessoas com Jesus, e depois, a parábola de um rico avarento, ganancioso, e temos o texto da carta de Paulo aos Colossenses. Neste texto do Eclesiastes, vêm umas perguntas que atacam o leitor. Perguntas como: Quem é o homem afinal? Por que ele existe? Aonde ele vai? O que sobra depois desta vida? Tudo isso é como um vento. A expressividade, a vaidade das vaidades, a expressão significa sopro, então tudo termina por aqui, e aí vem exatamente esse questionamento entre nós: de que adianta alguém trabalhar, se esforçar, suar, depois fica para alguém que não cometeu esforço algum; isso não é correto.
Veja que esse texto está bem em consonância com o texto do Evangelho, que um jovem procura Jesus para pedir a ele que faça justiça, peça para o seu irmão dividir os bens. E Jesus responde, quem me nomeou juiz ou árbitro entre vocês? Jesus não é esse personagem que veio trabalhar em relação a dinheiro, a herança, não. Jesus vem com outra intenção. Então, ele diz: abstende-vos de qualquer cobiça porque por mais rico que alguém seja, a vida não depende dos bens. Isso é importante para nós e aí tem o gosto de transmitir essa parábola desse homem, que produziu bastante nas suas colheitas, nos seus terrenos, ao ponto dele derrubar o celeiro para construir outros maiores, porque o que ele estava colhendo não cabia nos celeiros velhos. Depois ele vai dizer para ele mesmo: agora coma e beba, se regale você tem uma reserva para um bom tempo. E o que acontece? Na mesma noite ele morre. E para quem fica tudo isso? Eis aí o descaso que Jesus coloca.
A cena do Evangelho, a cena que o Evangelho mostra para nós, ela é uma coisa bem típica dos nossos dias, das brigas entre os irmãos sobre a questão da herança. Isso é muito comum e nós sabemos o quanto tem pessoas aí brigando por herança. Pessoas que não dão o mínimo do mínimo para cuidar dos seus idosos. Me ajudem nisso, por favor. Porque Jesus pisava no chão da sua realidade. Ele nunca usou palavras rebuscadas; nunca fez de forma alguma, discurso que as pessoas não compreendessem; não usou nenhum elemento estranho ao seu país, isso para as pessoas entenderem o que ele estava dizendo. Então ajudem-me nisso aí. As pessoas hoje estão aí muito corridas, nesse frenesi maluco e não têm tempo para cuidar dos seus idosos, das suas figuras mais ilustres. E quando essas figuras morrem, lá vem a confusão por questão de divisão de bens. Isso é muito desagradável, concorda? Então, meus queridos irmãos e irmãs, tomemos consciência de que a riqueza, ela não é um mal em si, mas ela atrapalha a nossa vida.
Os pais, na linguagem do livro, do livro do Eclesiastes, os pais arrecadam, os filhos aproveitam e os netos põem a perder. Se nós olharmos em algumas situações, na questão de comércio, nós vemos o quanto isso é comum. Aqui em Manaus eu tenho um exemplo de uma ótica, que eu fazia óculos nela, e de repente morre o dono, fica a dona; as coisas vão desandando um pouco; quando a dona morre as filhas não conseguem mais tocar, então, começa a desandar tudo e daqui a pouco não vai funcionar mais. eram muitas lojas e já não funcionam. Estou colocando a questão comercial.
E na questão de quem trabalha, de quem luta, de quem dá bom ensinamento. Vejo o meu pai e o pai de tantos que dão bons ensinamentos, os valores para a vida. O que os filhos guardam? Tem algum filho que herdou e guardou? Se guarda, se torna inoportuno, chato, como diz a expressão. Abusado, radical, exigente, intransigente. É tanto nome que se coloca na gente. Mas é tudo isso que nós somos. Gente mesma que zela pelo bem de todos. Então, quanto ao produto, Voltando a questão da ganância, para ter essas coisas para consumir, e tantas coisas mais é bom olharmos que o produto que nós compramos hoje, (dá para a gente colocar isso aqui nesse meio), amanhã ele já saiu de moda. E depois de amanhã não haverá mais, nem peça de reposição para consertá-lo.
A febre hoje é o que? A televisão. Bom, a televisão já passou. Era televisão plasma, televisão LSD, televisão de 30, de 40, de 50, de 60 polegadas, de 70 polegadas. Mas antes que o cara termine de pagar, às vezes os circuitos da energia já queimaram, ou então já saiu de moda. E por um lado, esse consumismo é grosseria e injustiça. Nós gastamos hoje, nessa geração, os recursos das gerações futuras. Nós nem nos damos conta disso, entende? E mais: para vender esses produtos supérfluos, que não são nada essenciais, criam-se nas pessoas a necessidade de possuí-las e isso é investido na propaganda. Quanto mais propaganda um produto leva, menos importante ele é. Vai no jornal, na televisão, em tudo que é lugar, nos carros de sons. E a pessoa fica incutindo aquilo e fica adquirindo uma imagem negativa e quer adquirir o produto porque está sendo comercializado pelo som. E tem mais: Se não conseguir adquirir, como é que ficam? Vocês sabem a resposta. irrequieta, angustiada, enjoada. Aqui é o famoso amor platônico: Eu sou louco pra ter um produto, mas quando eu possuo, não quero mais, já tenho.
Quando as torres gêmeas foram ao chão em 2001, O governo americano, a época era George W. Bush. Esse cara Impetrou na população norte-americana a consumir, a consumir, a consumir. (quem quiser entender isso aí, procure um vídeo chamado “A História das Coisas”. Você vai entender isso bem direitinho). O pessoal consumia tudo. Era para poder gerar dinheiro. Porque o prejuízo foi alto ali. Então, nós nem nos damos conta do que estamos fazendo. Porque nós não olhamos exatamente com cuidado para essa situação em que nós passamos. O consumismo sem limite. E isso não é a vida da gente, a vida do cristão é diferente. Nós não compramos paz, não compramos saúde, não compramos harmonia, não compramos vida eterna. Por isso não vivemos de bem com essas coisas. Repito: paz, saúde, harmonia, vida eterna ninguém compra. Agora a mercadoria eu compro, mas ela não me traz a tranquilidade.
A gente precisa repousar o coração, meu irmão. Isso é o essencial. Usufruir de uma vida de liberdade. Quantas pessoas, quando começam a ganhar mais dinheiro, aí imagina porque agora ganha mais dinheiro, vão desprezar as pessoas que ganham pouco que estão ao redor delas. Conheço pessoas nesse sentido e aí começam a fazer o que? consumismo, gastos enormes e terminam endividadas. Jesus alerta nisso. Jesus é muito, muito mesmo exigente nisso. Será que nós estamos gastando como discípulo de Jesus e preocupado com as pessoas que tem necessidade? Não. No grosso, não; não estamos. E por isso, por não estarmos, nós pecamos.
Porque o acúmulo, esse homem aí do evangelho, ele não fala que vai distribuir, ele fala que ele vai consumir. E ele morre na mesma noite. Então o discípulo deve cultivar os bens que geram vida e fraternidade entre os irmãos. Pessoalmente, eu defendo tanto isso, o tempo todo eu falo disso. Nós precisamos viver a fraternidade. Essa expressão sinodalidade que Francisco usou agora, em seu papado, eu escrevi um texto em 2006 falando sobre isso e musicalizamos: “juntos caminhemos na mesma direção”. Isso para a gente poder entender o outro: a partilha, une e traz a verdadeira felicidade para o ser humano, já a ganância ela divide, ela divide mesmo e não traz de forma nenhuma, bem para nós.
Já na lição da semana, Paulo escrevendo aos Colossenses, ele alerta, não é? É importante que a gente fuja dessas coisas que nos levam à tentação, que é a fornicação, a impureza, as paixões, a concupiscência, a avareza, essa espécie de idolatria. E ele diz, não fique mentindo para os outros não, porque vocês foram despojados da velha condição com suas práticas erradas e foram revestidos da nova, que pelo conhecimento vai se renovando a imagem do Criador, que na pessoa de Cristo, encontramos. Portanto, nós precisamos muito lutar e a briga maior está dentro dos templos, das igrejas as comunidades mesmo, porque na religião cristã (nós temos enorme número de igreja, então a confusão está aí, ao usar o nome em vão. Ficar fazendo propaganda e nunca levar a sério o que é a mensagem divina que Jesus deixa para todos nós. Deus abençoe e ilumine concedendo o merecido. Obrigado.