Hoje somos convidados a mergulhar na essência da fé, aquela que nasce da escuta da Palavra e se manifesta na confiança plena em Deus. A liturgia nos conduz por esse caminho, começando com o coração do Antigo Testamento: — “Escuta, Israel: o Senhor nosso Deus é o único Senhor!” (Dt 6,4).
Moisés exorta o povo a amar o Senhor com todo o coração, alma e força. Esse amor não é apenas sentimento, mas compromisso, fidelidade, obediência. É um amor que se traduz em ações concretas: guardar os mandamentos, ensinar aos filhos, lembrar-se de Deus em cada momento da vida. Amar a Deus é viver com Ele no centro de tudo.
Quantas vezes nos esquecemos disso? Vivemos distraídos, ocupados, e Deus vai ficando à margem. Mas o chamado é claro: “Não te esqueças do Senhor!” (Dt 6,12). A fé começa na escuta e se fortalece na memória viva de tudo o que Deus fez por nós.
O salmo ecoa essa confiança: “O Senhor é minha rocha, minha fortaleza, meu libertador!” (Sl 17). Quando reconhecemos que Deus é nosso refúgio, nossa força, deixamos de confiar apenas em nossas capacidades. A fé verdadeira nasce quando nos colocamos inteiramente nas mãos d’Ele.
E no Evangelho, Jesus cura um menino possuído por um demônio, depois que os discípulos não conseguiram fazê-lo. E Ele os repreende: “Por causa da vossa pouca fé.” (Mt 17,20). E então vem a frase que nos desafia: “Se tiverdes fé do tamanho de uma semente de mostarda, direis a esta montanha: ‘Vai daqui para lá’, e ela irá.”
Jesus não está falando de uma fé espetacular, mas de uma fé autêntica, pequena talvez, mas viva, perseverante, confiante. Uma fé que não se apoia em si mesma, mas em Deus. A montanha pode ser um problema, uma dor, uma dúvida, uma situação impossível. Mas com fé, ela pode ser movida.
Hoje, somos chamados a reacender o amor por Deus com todo o nosso ser, a cultivar a memória das obras de Deus em nossa vida, confiando n’Ele como nossa rocha e nosso libertador, a também, alimentar uma fé viva, mesmo que pequena, mas capaz de transformar realidades.
Que nossa oração seja como a do pai do menino: “Senhor, eu creio, ajuda a minha falta de fé!” (cf. Mc 9,24). E que, fortalecidos pela Palavra e pela Eucaristia, possamos viver com coragem, sabendo que Deus está conosco e que nada é impossível para quem crê.