Neste domingo, a Palavra de Deus nos convida a refletir sobre a universalidade da salvação e o compromisso pessoal necessário para entrar no Reino de Deus. Jesus, em seu caminho para Jerusalém, é interpelado com uma pergunta curiosa: “Senhor, são poucos os que se salvam?” (Lc 13,23). Mas sua resposta não alimenta a curiosidade; ela nos provoca à conversão: “Esforçai-vos por entrar pela porta estreita” (Lc 13,24).
O profeta Isaías nos apresenta uma visão escatológica e universalista da salvação. Deus reúne todos os povos, de todas as línguas e nações, para contemplar sua glória. A salvação, que começou com Israel, é agora oferecida a toda a humanidade. É uma imagem poderosa de inclusão, fraternidade e missão. Deus envia mensageiros até os confins da terra para anunciar sua glória. Somos esses mensageiros hoje, chamados a evangelizar com coragem e alegria.
A carta aos Hebreus nos exorta a perseverar na fé, mesmo em meio às dificuldades. A disciplina que Deus nos oferece não é punição, mas formação. Como um pai que educa seus filhos, Deus nos fortalece para podermos caminhar com firmeza. A porta é estreita porque exige renúncia, esforço e fidelidade. Mas é justamente esse caminho que nos prepara para a glória.
E no Evangelho de hoje, Jesus nos alerta que não basta estar “por perto” dele, ouvir sua Palavra ou participar de suas obras. É preciso viver em comunhão com Ele, deixar que o Reino entre em nós. A porta é estreita não porque Deus quer dificultar, mas porque o egoísmo, a vaidade e a indiferença nos tornam grandes demais para passar por ela. A salvação é dom, mas exige resposta. E essa resposta é diária, concreta, feita de escolhas que refletem o Evangelho.
Jesus também nos lembra que muitos virão do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e tomarão lugar à mesa no Reino de Deus. Isso nos desafia a abandonar qualquer pretensão de exclusividade. A salvação é para todos, e o critério é a vivência do amor, da justiça e da misericórdia.
Neste domingo, iniciamos também a Semana de Oração pelas Vocações Leigas. Que esta liturgia nos inspire a reconhecer que todos os batizados são chamados à missão. A porta está aberta, mas exige que passemos por ela com humildade, serviço e fé.
Que possamos ser comunidade que acolhe, que evangeliza e que caminha com esperança rumo ao Reino. Que cada um de nós se esforce para entrar pela porta estreita, não por medo, mas por amor ao Cristo que nos chama.
Amém.