O testemunho de Talita Rodrigues, que mesmo com o conhecimento profunda da ciência psicológica, nos conta como a fé a ajudou a superar momentos difíceis. Sou psicóloga há 9 anos. Estudei anos para compreender as complexidades da mente humana, aprendi sobre os caminhos tortuosos da dor psíquica, sobre os transtornos, os traumas, os mecanismos de defesa e as possibilidades de cura. Aprendi a escutar, a acolher e a acompanhar pessoas nos seus momentos mais difíceis. Mas nada disso me preparou para o que eu mesma viveria.
A depressão chegou silenciosa, como costuma fazer. No começo, era apenas um cansaço insistente, depois uma apatia que se espalhou como uma noite escura pelos meus dias. E então, veio a escuridão completa. Eu, que tantas vezes ofereci palavras de esperança, não conseguia enxergar uma fresta sequer de luz no meu próprio caminho. Eu, que sabia nomear os sintomas, que conhecia os protocolos, os manuais, as técnicas, sentia-me completamente impotente. Minha fé estava fragilizada. Meu coração, em ruínas.
Foi nesse tempo que ganhei um presente singelo e o melhor que eu poderia ter ganho: uma imagem de Nossa Senhora do Sorriso. Eu já a conhecia, mas não conhecia profundamente essa devoção, mas o nome me tocou de imediato — talvez porque sorrir já me parecia um gesto distante, quase impossível. Ainda assim, comecei a novena.
Para quem não conhece, a história de Nossa Senhora do Sorriso está ligada a uma outra mulher profundamente abatida pela tristeza: Santa Teresinha do Menino Jesus. Antes de ser santa, ela também foi tocada por uma intensa melancolia. Sua família, sem saber o que mais fazer, colocou ao lado de sua cama a imagem de Maria. E foi ali, diante daquela presença serena, que Teresinha experimentou a cura. Um sorriso de Maria devolveu-lhe a paz, e com ela, o desejo de viver.
Comecei a novena com grandes expectativas, quase como quem tenta pela última vez. Mas algo foi se abrindo em mim. Não posso explicar com precisão o que aconteceu — não com o vocabulário técnico da psicologia, ao menos. Só sei que, pouco a pouco, a esperança voltou a se aproximar. Senti que já não estava sozinha. O vazio deu lugar a uma luz silenciosa. A imagem de Nossa Senhora sorrindo para mim foi me curando por dentro. E então, o que parecia improvável aconteceu: eu voltei a sorrir também.
Duas semanas depois, eu me tornei outra pessoa. Ainda sou psicóloga, ainda acredito no valor da escuta, da análise, do tratamento adequado. Mas agora sei que há dores que não se alcançam apenas com teoria. Há curas que não vêm da lógica, mas do mistério.
Nossa Senhora do Sorriso não substituiu os conhecimentos que adquiri — ela os transcendeu. Sua presença me conduziu para além de mim mesma, para além da técnica, para além do desespero. E foi ali que reencontrei a fé. Não a fé teórica, de livros ou rituais automáticos. Mas a fé viva, que consola, que abraça, que levanta.
Se hoje escrevo estas palavras, é para dizer que a luz pode sim voltar. Que o sorriso pode sim renascer, mesmo quando parece impossível. E que às vezes, é preciso deixar que o Céu cuide daquilo que nossos saberes humanos não conseguem alcançar.
Eu ainda experimento dia após dia essa cura, e por isso, resolvi escrever sobre o meu testemunho, para que você também possa recorrer a Ela se você se encontra totalmente imerso(a) a noites escuras.
Nossa Senhora do Sorriso, rogai por nós.