domingo, 27 de julho de 2025

O Pão Nosso de Cada Dia na Nova Ordem Mundial (Diác. Edson Araújo)


Era uma tarde comum em Brasília quando o Ministro das Relações Exteriores entrou no gabinete presidencial com passos apressados. Na tela do computador, a notícia que já circulava por todas as agências internacionais: "EUA aplicam tarifas de 50% sobre produtos brasileiros". O presidente, já cansado de tantas provocações, olhou pela janela e contemplou a bandeira nacional tremulando ao vento.

"Senhor, ensina-nos a resistir, como tantos outros países já precisaram aprender", murmurou para si mesmo, numa oração silenciosa que ecoava o pedido dos discípulos a Jesus, quando lhe pediram: "Senhor, ensina-nos a orar" (Lucas 11:1).

Houve um tempo em que as relações entre Brasil e Estados Unidos eram celebradas como uma amizade histórica. Como disse o Barão do Rio Branco em 1906: "Data de longe essa amizade. Vem dos primeiros dias da nossa Independência, a qual o governo dos Estados Unidos foi o primeiro a reconhecer... O tempo não fez senão ir aumentando, na inteligência e no coração de sucessivas gerações brasileiras, a simpatia e a admiração que os Estados Unidos da América inspiraram aos criadores da nossa nacionalidade."

Mas os tempos mudaram. Em 2025, especialistas apontam que vivemos o pior momento das relações entre Brasil e EUA em dois séculos de história diplomática. Como na parábola do amigo que bate à porta de madrugada pedindo pães (Lucas 11:5-8), o Brasil insistentemente busca diálogo, mas do outro lado, a porta permanece fechada: "Não me incomode. A porta já está fechada, e eu e meus filhos já estamos deitados. Não posso me levantar e dar a você o que me pede." (Lucas 11:7)

Na Casa Branca, o presidente estadunidense parece implacável: "Talvez, em algum momento, eu falarei com ele. Agora, não. Eles estão tratando o ex-presidente deles muito injustamente." E como na parábola bíblica, a resposta era sempre negativa, como se dissesse: "Não me incomode."

Pedi, e Dar-se-vos-á? "Por isso digo: Peçam, e será dado; busquem, e encontrarão; batam, e a porta será aberta." (Lucas 11:9)

O governo brasileiro bate às portas das instituições internacionais, buscando apoio contra as tarifas que ameaçam a economia nacional. Pede respeito à soberania, bate nas portas do diálogo diplomático. Mas o que recebe? Como na parábola, nem sempre quem pede recebe aquilo que deseja.

Enquanto isso, uma grande revista norte-americana (The Economist) classifica as ações do seu presidente como "a interferência mais profunda em um país latino-americano desde a Guerra Fria". Uma declaração que faz muitos brasileiros se questionarem se estamos pedindo pão e recebendo uma pedra, como Jesus alerta no Evangelho: "Qual pai, do meio de vocês, se o filho pedir um peixe, em lugar disso lhe dará uma cobra?" (Lucas 11:11)

Enquanto isso, a economia nacional, preocupada com os efeitos das tarifas comerciais, vê o comércio de bilhões e bilhões de doares ameaçado. O emprego de milhares de brasileiros em risco. O pão de cada dia de muitas famílias em jogo. A oração ensinada por Jesus ganha uma conotação literal e dolorosa neste momento: "Dá-nos cada dia o nosso pão cotidiano." (Lucas 11:3)

Mas a verdadeira questão vai além do comércio, como apontou o presidente brasileiro: "É inaceitável que um chefe de um país com o qual temos ótimas relações, nos mande uma carta pelas redes sociais e comece dizendo que é preciso acabar com a caça às bruxas. Isso é inadmissível." O que está em jogo não é apenas o pão material, mas também a dignidade nacional, a soberania e a independência das instituições.

Analistas políticos apontam que o presidente americano parece estar cobrando uma "dívida" do Brasil – não financeira, mas política: a exigência de interferência em processos judiciais independentes, o faz vincular as tarifas comerciais ao processo contra o ex-presidente do Brasil, dizendo: "este julgamento não deveria estar acontecendo. É uma caça às bruxas que deve acabar imediatamente."

A exigência do mandatária estadunidense coloca o Brasil diante de um dilema moral: submeter-se a pressões externas ou manter sua autonomia judicial? Perdoar dívidas políticas em troca de favores econômicos?

Como na parábola do amigo importuno, o Brasil continua batendo à porta, insistentemente. O governo federal intensificava diálogos para reverter a tarifa, buscando apoio internacional. Nestes últimos dias, alguns Senadores americanos chegaram a enviar uma carta ao seu presidente falando em "abuso de poder" contra o Brasil. A esperança é que, como na parábola, a persistência leve a algum resultado: "Eu digo: Embora ele não se levante para dar-lhe o pão por ser seu amigo, devido à importunação se levantará e lhe dará tudo o que precisar." (Lucas 11:8) Mas até quando será necessário importunar? Até quando um país soberano precisará implorar por respeito à sua autonomia?

O versículo final da passagem bíblica nos diz: "Se vocês, apesar de serem maus, sabem dar boas coisas aos seus filhos, quanto mais o Pai que está nos céus dará o Espírito Santo a quem o pedir!" (Lucas 11:13) E talvez seja exatamente esse o "Espírito" mais necessário neste momento – não apenas o Espírito Santo da fé, mas o espírito da independência, da dignidade nacional, da soberania. Como disse o presidente brasileiro em resposta às interferências: "O Brasil é um país soberano com instituições independentes que não aceitará ser tutelado por ninguém."

Este é o verdadeiro pão que o povo brasileiro precisa: o pão da autonomia, o alimento da soberania. Como defendeu Hussein Kalout: "Se houver inflexibilidade, o Brasil vai aplicar a lei da reciprocidade. Não há como não aplicar. Do contrário, estaremos submissos a uma extorsão indevida."

Em tempos onde as grandes potências continuam impondo sua vontade sobre os mais fracos, talvez a verdadeira oração que precisamos aprender não seja apenas aquela ensinada aos discípulos, mas uma oração pela dignidade das nações e pela igualdade nas relações internacionais.

Enquanto isso, o Brasil continua batendo à porta, como na parábola. Pedindo, buscando, persistindo. Na esperança de que, assim como na lição de Jesus, a persistência e a dignidade prevaleçam sobre a intimidação e a coerção. Porque, como nos lembra o Evangelho, quem persiste, encontra; quem bate, terá a porta aberta.

E talvez, no fim das contas, esse seja o grande ensinamento que o Brasil possa deixar para o mundo em tempos tão conturbados: a coragem de permanecer de pé, batendo à porta da justiça internacional, mesmo quando as maiores potências tentam fechar os olhos e dizer: "Não me incomode."

"Estarei assistindo à caça às bruxas do ex-presidente de vocês, sua família e milhares de seus apoiadores muito de perto", disse o Chefe de Estado Norte-americano em suas redes sociais. Mas o presidente brasileiro respondeu com firmeza: "A defesa da democracia no Brasil é um tema que compete apenas aos brasileiros. Somos um país soberano. Não aceitaremos interferência ou tutela de quem quer que seja."

E assim, a nação segue em sua jornada, buscando seu pão de cada dia, mas sem prescindir da sua dignidade – uma lição que, talvez, até mesmo o maior império da atualidade precise aprender um dia.


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