sexta-feira, 25 de julho de 2025

Cultura digital e comunicação da Igreja (Dom João Cardoso)


A cultura digital inaugura um novo estilo de vida, marcado por transformações profundas nos modos de pensar, agir, comunicar e se relacionar. Mais do que uma inovação técnica, ela representa uma mudança antropológica que redefine o modo como o ser humano constrói sua identidade, interage com os outros e compreende a realidade. As redes sociais digitais, nesse contexto, não são meramente ferramentas de comunicação, mas verdadeiros espaços existenciais onde se compartilham valores, narrativas, afetos e experiências.

O mundo digital impõe novos desafios e oportunidades à Igreja, chamada a anunciar o Evangelho no coração desse novo ambiente relacional e cultural. Por isso, compreender a sociedade contemporânea, com suas transformações culturais impulsionadas pela tecnologia, é essencial para a ação evangelizadora. O que está em jogo não é apenas uma transformação técnica, mas uma profunda mutação antropológica e relacional. Mais do que adotar novos instrumentos de comunicação, trata-se de discernir uma nova cultura, que redefine os vínculos humanos e os modos de viver a fé. A evangelização, nesse contexto, exige mais do que simples presença nas redes sociais; requer escuta, diálogo e a capacidade de comunicar o Evangelho com autenticidade e linguagem adequada.

As redes sociais digitais são expressão concreta dessa nova realidade. Elas não são simples ferramentas de comunicação, mas se configuram como espaços de vida, onde os indivíduos se encontram, expressam opiniões, criam vínculos e constroem significados. No mundo conectado, o conceito de presença assume novos contornos, pois ser é também estar em rede. A cultura digital, portanto, não se limita ao uso da internet; ela representa um novo modo de viver, pensar, comunicar-se e relacionar-se.

Neste ambiente, os meios digitais rompem as fronteiras tradicionais entre emissores e receptores. Diferente das antigas mídias de massa, que separavam claramente quem produzia e quem consumia conteúdo, as redes digitais dão lugar a um modelo participativo, interativo e colaborativo. Cada pessoa é, ao mesmo tempo, ouvinte e falante, espectador e protagonista. Por isso, evangelizar na cultura digital exige da Igreja não apenas presença, mas escuta, diálogo, criatividade e coerência com a mensagem que anuncia.

Não se trata de se adaptar a novas ferramentas, é necessário, antes de tudo, compreender que estamos diante de uma mudança de paradigma comunicacional. A cultura digital introduz novas linguagens, códigos, narrativas e modos de construção do sentido. Exige, portanto, uma nova pedagogia da evangelização, que saiba utilizar os recursos visuais e narrativos com os quais as novas gerações estão familiarizadas, promovendo experiências significativas de fé.

A lógica digital desafia a linearidade do pensamento, altera a percepção do tempo e do espaço e favorece um ambiente marcado pela simultaneidade, pela fragmentação e pela constante atualização de informações. Isso impacta também a vivência religiosa e desafia a Igreja a promover experiências significativas e integradoras, capazes de gerar sentido e comunhão. Conexão não é sinônimo de vínculo profundo. Por isso, é preciso favorecer relações humanas verdadeiras, integrando os níveis do vivido com a presença física, o diálogo, o afeto e o cuidado pastoral. A evangelização, neste “continente digital”, deve ser encarnada, próxima e autêntica, fiel ao Evangelho e atenta às linguagens do tempo.

A cultura digital não dispensa o testemunho. Mais do que transmissões e conteúdos, ela requer testemunhas críveis da fé, que comuniquem com a vida aquilo que professam com os lábios. Assim, a Igreja poderá não apenas anunciar o Evangelho nas redes, mas contribuir para a humanização do próprio ambiente digital, fazendo dele um espaço de encontro, solidariedade e esperança. Nesse sentido, a comunicação eclesial nas redes sociais digitais não é um acessório da missão, mas parte integrante de sua essência evangelizadora.

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