domingo, 18 de maio de 2025

Amar para Governar: A Política como Vocação (Crônica do Diác. Edson Araújo)

A política, tal como a fé, é um chamado à transformação. Não há evangelho que se cumpra sem ação concreta, assim como não há sociedade que avance sem compromisso verdadeiro com a justiça.

Neste quinto domingo da Páscoa, somos conduzidos pelas leituras a refletir sobre o amor como fundamento do discipulado e, por que não, como essência da vida pública? O Evangelho nos apresenta Cristo em Seu momento de despedida, deixando aos discípulos um mandamento novo: "Amai-vos uns aos outros como eu vos amei." Essa instrução, embora profundamente espiritual, ecoa como um princípio essencial para a convivência social e para o papel dos governantes.

Na política, a palavra "amor" pode parecer deslocada, ou até mesmo ingênua. Mas não é precisamente o amor ao próximo, o compromisso com o bem-estar coletivo, que deveria guiar as decisões políticas? Se as lideranças públicas verdadeiramente se pautassem no serviço, no cuidado com os mais vulneráveis e na busca pela equidade, estaríamos talvez mais próximos da "nova Jerusalém" descrita na leitura do Apocalipse – um mundo onde a dor e a injustiça são vencidas, onde Deus reina por meio da ação dos que promovem o bem.

Mas a realidade nos desafia. Como Paulo e Barnabé, que enfrentaram tribulações ao anunciar o Reino, também os que lutam por um país mais justo encontram resistência. A política, muitas vezes, se torna palco de disputas mesquinhas, em que o poder se sobrepõe ao serviço. O que deveria ser a construção coletiva de um projeto de sociedade, muitas vezes se transforma em um jogo de interesses, distanciando-se do que realmente importa.

E nós, cidadãos, que papel desempenhamos nessa caminhada? A transformação não depende apenas dos eleitos, mas de cada um de nós, que somos chamados a exigir coerência entre discurso e prática, a cobrar dos líderes um amor real pela justiça, e a exercer, com consciência, o poder que nos cabe.

O verdadeiro discípulo se reconhece pelo amor, diz Jesus. Talvez o verdadeiro político devesse ser reconhecido pelo mesmo critério. O desafio é grande, mas não impossível. Afinal, como nos ensina a fé, Deus faz novas todas as coisas – e talvez seja tempo de renovarmos nossa forma de ver e viver a política.

Que esse quinto domingo da Páscoa nos inspire a refletir sobre o país que queremos construir, com fé, esperança e, sobretudo, ação!

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