segunda-feira, 3 de novembro de 2025

“TOME A SUA CRUZ E SIGA-ME” (Diác. Paulo Gabriel)



Ao refletir o sofrimento na contemporaneidade, ou mesmo na modernidade líquida balmaniana, fica-se a imaginar as palavras do Padre Charles Arminjon que disse “a lei do sofrimento foi promulgada no dia em que o pecado entrou no mundo”, transcritas para “comerás o teu pão com o suor do teu rosto” e também “darás à luz com dores”. Cf. Gn 3, 16s.

Arminjon (2011, p. 262), relembra que “tudo o que respira – disse o apóstolo – está condenado a chorar e a gemer; a universalidade das criaturas está entregue às dores do parto até esta hora”. Porém, Jesus com o seu sofrimento, mesmo sendo inocente, justo, bom, Deus, quis sofrer por amor a nós seres humanos, Ele glorificou o sofrimento, como relembra Arminjon “o sofrimento se tornaria um mérito, um ganho, uma fonte de glória, um elemento de renovação e de triunfo; julgou que para a maioria das pessoas seria uma expiação necessária”.

Não que seja fácil sofrer, até mesmo santas doutoras fazem reflexões de que este processo é difícil, como diz Santa Tereza D’Ávila que foi doutora da igreja “não recebi do Senhor tanta virtude que possa pelejar com enfermidades contínuas e múltiplas ocupações sem experimentar grande contradição interior”, ela escreveu esta obra por obediências aos 62 anos, com fortes dores de cabeça, e ela mesma diz “a força da obediência costuma facilitar o que parece impossível [...] minha dor de cabeça por amor da obediência”.

É necessário em tempos atuais saber sofrer com amor, como nos ensinou o mestre, é preciso ter maturidade para sofrer com amor e ofertar a Deus como soube fazer São Padre Pio, a Virgem Santíssima, S. Luís Maria Grignion de Montfort e tantos santos de Deus que o fizeram por amor ao Cristo. Nesse quesito, os jovens tem mais dificuldades, pois muitos não sabem mais sofrer, somos uma sociedade em busca da beleza exterior e da felicidade neste mundo, e como lembra o orador romano Cícero (2021, p. 22) “a precipitação é a nota da juventude, e a prudência, a da velhice”, mas hoje até os idosos tem dificuldade em saber sofrer, ficando expostos a ansiedade e depressão.

É útil lembrar o que disse Jesus aos seus discípulos: "Se alguém quiser seguir-me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”. Donde se vê que sem ‘negar-se a si mesmo’, não é possível seguir o mestre, e assim, dar o próximo passo ‘tomar a sua cruz”, assumir em cristo a cruz, o sofrimento que salva, purifica. Cf. Mt 16, 24.

Arminjon (2011, p. 263) diz que “o homem se perdeu no paraíso das delícias, mas se levantou novamente no sacrifício do Calvário”, na bonança é fácil o homem esquecer-se de Deus, porém, na dor é mais fácil lembrar dEle, pois, “o sofrimento se tornaria um mérito, um ganho, uma fonte de glória, um elemento de renovação e de triunfo; julgou que para a maioria das pessoas seria uma expiação necessária”, sem cruz não se chega ao céu, esta foi a metodologia que nos ensinou o Mestre com sua vida.

Dificilmente o rico saberá sofrer com amor. Por este motivo, Montfort (2010) diz que fala “particularmente para os pobres e simples que, tendo maior boa vontade e mais fé, que o comum dos sábios, creem mais simplesmente e com mais mérito”. Aquele que sabe sofrer com amor, se desprende das coisas materiais e passa a dar valor as coisas do alto. Saibamos pois, como a Virgem do Silêncio, saber sofrer por amor ao Cristo.

SALVE MARIA SANTÍSSIMA!


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARMINJON, Charles. Do fim do mundo, dos sinais que o precederão. Osasco – SP: Domine, 2021.

ÁVILA, Tereza de. Castelo interior ou moradas. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2024. 

BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2001.

CARVALHO, César e Carvalho, Mara. Consagra-te: Totus Tuus. Natal: Mater Dei, 2012.

CÍCERO, Marco Túlio. Para saber envelhecer e a amizade. Jandira – SP: Principis, 2021.

MONTFORT, São Luís Maria Grignion de. Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem. São Paulo: Paulus, 2010.

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