No coração do sertão “inharense”, onde o sol arde como oração e o chão guarda os passos dos que esperam, ergue-se uma mulher. Não qualquer mulher, mas aquela que, como Maria, canta o Magnificat com os pés na terra e o olhar no céu. Santa Rita, mãe das causas impossíveis, advogada dos que não têm voz, mulher do perdão, é presença viva entre os pobres, entre as mães que choram, os homens que padecem entre os corpos que resistem.
No alto do monte, em Santa Cruz do Trairi, ela aponta para o Crucificado. Seu gesto é ponte entre o sofrimento e a esperança, entre a dor e a redenção. Ali, onde o vento sopra como espírito, o povo encontra consolo. Santa Rita não apenas intercede — ela compreende. Ela é mulher que sabe o que é perder, o que é esperar, o que é perdoar.
Mulher como Mediadora do Sagrado "Minha alma engrandece o Senhor..." (Lc 1,46). Santa Rita, como Maria, é corpo que ora, ventre que acolhe, voz que intercede. Como diz Mary Douglas o corpo feminino é espaço de mediação, onde o sagrado e o profano se encontram. Rita compreende a dor das mulheres como quem já a viveu. Ela é ponte entre o céu e a terra, entre o grito e o milagre, entre o silêncio e a redenção.
A Fé como Resistência Cultural - "A fé é a certeza daquilo que se espera... (Hb 11) A fé do povo não é apenas crença é resistência. É coragem de ser, como diria Paul Tillich, diante do não-ser que ameaça: a fome, o abandono, a morte. No sertão do Inharé, a devoção a Santa Rita é ato político, é afirmação de identidade. Cada vela acesa, cada romaria, cada oração murmurada no terreiro é um grito contra a exclusão. A fé é o que resta quando tudo falta e é também o que salva.
O Milagre como Linguagem do Imaginário Popular - "Se eu apenas tocar em suas vestes, ficarei curada..."_ (Mc 5,28). O milagre não é espetáculo. É narrativa. É linguagem do povo para dizer que Deus caminha entre nós. Michel de Certeau nos revela que o milagre é forma de contar a vida, de dar sentido à dor. Na Sala dos Milagres, cada ex-voto é testemunho, cada fotografia é memória, cada objeto é oração. Ali, o impossível se torna possível, e o cotidiano se transfigura em sagrado.
O Lugar Sagrado como Território de Esperança - "Este lugar é sagrado... é a casa de Deus" (Gn 28,17). O Santuário de Santa Rita não é apenas destino turístico. É chão consagrado pelas lágrimas e pelos passos dos romeiros. Como Mircea Eliade nos lembra, é espaço sagrado que rompe com o tempo profano e revela o centro do mundo. Para o sertanejo, este lugar é abrigo, é encontro, é promessa. E no alto do monte, em Santa Cruz do Trairi, onde ela aponta para o Crucificado, o céu parece mais perto. Ali, o perdão é possível, o impossível é tocado, e a esperança renasce como flor no meio da seca.
Oração do Peregrino
Santa Rita, mulher do perdão, advogada das causas impossíveis, intercede por nós que caminhamos com fé. Cura nossas feridas, as da alma e as do corpo, consola nossos corações cansados, fortalece nossa esperança diante da dor. Que teu exemplo nos ensine a resistir, a amar, a esperançar. Que neste monte sagrado, possamos tocar o divino com mãos humanas.
Amém.
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