Ratzinger (2011, p. 208) afirma que “os sacrifícios do templo – o centro cultual da Torá – estavam superados, Cristo tomara o seu lugar”, e mais ainda, ele diz que “com a cruz de Cristo, os antigos sacrifícios do templo estavam definitivamente superados”, dava-se início a um novo tempo, uma humanidade redimida pelo sangue do ‘Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo’.
Nesta maravilhosa obra sobre Jesus, uma trilogia, ele também afirma que a nossa salvação começa com um “sim” de uma menina pobre, Maria Santíssima, de uma aldeia periférica conhecida por Nazaré, um Deus dos pobres, que nasce em uma manjedoura, fazendo sua opção incondicional pelos pobres, e que entra em Jerusalém montado em um jumentinho, transporte dos pobres, e não em um cavalo símbolo de príncipes e autoridades romanas.
O Magistério da Igreja sempre nos mostrou por diversos documentos que a Santíssima Eucaristia é o “maior bem espiritual da Igreja”, é o próprio Cristo. A reforma litúrgica ocorrida no Concílio Vaticano II, deu ao povo de Deus uma participação mais consciente, porém, “não podem passar em silêncio os abusos, inclusive de máxima gravidade, contra a natureza da liturgia e dos sacramentos”, não se pode banalizar a maior riqueza da Igreja, afirma a RS - Redemptionis Sacramentum - & 4.
Para bem comungar a Eucaristia, é necessário conhecer quem é Jesus verdadeiramente, é necessário entender a disciplina dos sacramentos para não comungar em pecado, um alerta que nos fez a Instrução Redemptionis Sacramentum, & 7 dizendo que “os abusos não raramente se alicerçam num falso conceito de liberdade”.
O Concílio de Trento na sua sessão de número XIII, afirmava que a Sagrada Comunhão deve ser proposta aos fiéis “como antídoto, que nos liberta das culpas cotidianas e nos preserva dos pecados mortais”, mas se analisarmos e refletirmos bem a luz da RS - Redemptionis Sacramentum - & 80, veremos que nos alerta a um entendimento de que o ato penitencial não é o Sacramento da Reconciliação, “o ato penitencial no início da missa tem como finalidade dispor os participantes para que sejam capazes de celebrar dignamente os santos mistérios; entretanto, não tem a eficácia do sacramento da penitência e, no que se refere à remissão dos pecados graves”, logo entendemos que ele não substitui o Sacramento da Reconciliação. Alerta ainda que é nosso dever alertar e catequisar o povo de Deus. Até mesmo a homilia geralmente feita pelo sacerdote celebrante, pode ser ainda “confiada a um sacerdote concelebrante, ou às vezes, segundo a oportunidade, também a um diácono, mas nunca a um leigo”.
Vale ainda ressaltar que aqueles leigos chamados a ajudar na liturgia não devem ser causa de escândalo, e sejam suas vidas de bom testemunho para a Igreja, afirma a RS - Redemptionis Sacramentum - & 46, “não se escolha ninguém cuja designação possa causar espanto entre os fiéis”, zelo seria a palavra-chave, em especial quando se trata do maior bem e riqueza da Igreja, a Santíssima Eucaristia. Desde sempre, a Igreja teve zelo com a Eucaristia e tudo aquilo que a cerca, desde alfaias, vasos e tudo o mais.
São Luís Maria Grignion de Montfort, no seu Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, nos estimula que durante a Comunhão digamos três vezes “Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma só palavra e serei salvo!”, a primeira ele sugere que o façamos para dizer ao Pai Eterno que não somos dignos, a segunda ao Filho e a terceira ao Espírito Santo com a mesma intenção da primeira. Sejamos santos, como o Pai é santo!
SALVE MARIA SANTÍSSIMA!
REFERÊNCIAS
MONTFORT, São Luís Maria Grignion de. Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem. São Paulo: Paulus, 2010.
RATZINGER, Joseph. BENTO XVI, Papa. Jesus de Nazaré: da entrada em Jerusalém até a ressurreição. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2011.
RS - Redemptionis Sacramentum - INSTRUÇÃO DA CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO E A DISCIPLINA DOS SACRAMENTOS SOBRE AQUILO QUE DEVE SER OBSERVADO E EVITADO ACERCA DA SANTÍSSIMA EUCARISTIA.