Olá, povo de Deus, que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam convosco!
Neste sábado, celebramos a memória de São Vicente de Paulo, um presbítero que se tornou ícone da caridade cristã. Sua vida foi marcada por uma entrega radical aos pobres, aos marginalizados, aos esquecidos da sociedade. Ele não apenas pregava o Evangelho — ele o encarnava.
A primeira leitura, do profeta Zacarias, nos apresenta uma visão de esperança: Jerusalém será habitada sem muros, pois o próprio Senhor será uma muralha de fogo ao redor dela. Essa imagem poderosa nos fala de uma cidade aberta, acolhedora, protegida não por estruturas humanas, mas pela presença divina. É a promessa de Deus de estar no meio do seu povo, de caminhar com ele, de ser sua segurança.
O salmo responsorial, retirado de Jeremias, ecoa essa esperança: “O Senhor nos guardará como um pastor ao seu rebanho.” É o cuidado terno de Deus, que não abandona suas ovelhas, mas as conduz com alegria e restaura suas forças. É a imagem que São Vicente de Paulo viveu: o pastor que vai ao encontro das ovelhas feridas, famintas, esquecidas.
No Evangelho de Lucas, vemos um contraste: enquanto todos se maravilham com os milagres de Jesus, Ele fala da cruz. “O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens.” Jesus nos ensina que a glória verdadeira não está nos aplausos, mas na entrega. Os discípulos não compreendem — e muitas vezes nós também não. Queremos um Messias glorioso, mas Ele nos mostra que o caminho do Reino passa pela cruz, pela humildade, pelo serviço.
São Vicente de Paulo compreendeu isso profundamente. Ele viu Cristo nos pobres, nos doentes, nos abandonados. Fundou obras, mobilizou recursos, formou sacerdotes e leigos para o serviço da caridade. Mas tudo isso brotava de uma fé profunda, de uma intimidade com o Cristo crucificado. Ele não buscava reconhecimento, mas sim ser instrumento da misericórdia divina.
Hoje, somos convidados a olhar para nossa missão. Estamos construindo uma “cidade sem muros”, onde todos são acolhidos? Somos muralhas de fogo que protegem os vulneráveis com o calor do amor de Deus? Ou ainda erguemos muros de indiferença, de preconceito, de comodismo?
Que São Vicente de Paulo nos inspire a viver uma fé encarnada, que se traduz em gestos concretos de amor. Que possamos, como ele, ouvir o clamor dos pobres e responder com generosidade. E que, mesmo sem compreender plenamente os mistérios da cruz, confiemos que é nela que se revela o verdadeiro rosto de Deus.
Assim seja!