segunda-feira, 7 de julho de 2025

Terça-feira da 14ª Semana do Tempo Comum

UM DEUS QUE SE COMPADECE DE NÓS

        Leituras da terça dia 8 de julho, da 14ª Semana do Tempo Comum Ano C – Lucas.

Por Diác. Paulo Gabriel Batista de Melo        

A liturgia de hoje nos mostra a misericórdia de Deus que se compadece do ser humano, com suas lutas e a sua busca por um mundo de mais amor, e para sua condução necessita de pastores segundo o coração de Deus, que possa guiar o povo, inspirado por Deus, corrigindo-os com caridade, para que não se desencaminhem as almas que Deus os confiou, como nos lembra são Paulo o apóstolo missionário em sua Carta a Timóteo.

        Na primeira leitura, retirada do Livro do Gênesis, vimos a luta de um homem escolhido por Deus, já pouco se fala de Esaú que herdara a primogenitura, mas que ao desdenhar de Deus vendeu a sua primogenitura por um prato de Lentilhas, sabiamente como toda boa mãe que conhece seus filhos, Rebeca intercede por seu filho Jacó, pois, conhecia o seu coração, ela está sendo justa, uma vez que Esaú vendera sua primogenitura, intercedeu pelo filho junto ao esposo Isaac, como faz nossa Senhora por nós.

        Jacó sai à noite com sua família, vai pelo deserto, pelo Vau de Jacob, a noite tudo é tenebroso, leões, chacais, trevas, medo, ele enfrenta com ‘fé viva’, uma das belas virtudes da Mãe do Redentor, que mesmo vendo “o Filho nascer num estábulo, acreditou que Ele era  Filho de Deus”, nos diz o Santo Montfort, no Tratado da Verdadeira Devoção. Nesse Vale ele se encontra com um homem (um anjo de Deus), e com ele trava intensa luta que se estende até o nascer do sol, o anjo o manda largar e ele diz “Não te largarei, se não me abençoares”. Já imagina amados irmãos e irmãs se nós lutássemos por uma bênção assim? Enfim, o anjo cede e lhe abençoa, porém com uma nova missão recebe um novo nome, de Jacó passa a ser chamado por Israel, “De modo algum te chamarás Jacó, mas Israel; porque lutaste com Deus e com os homens e venceste”, ele vence Esaú pela intercessão de sua mãe que lhe faz justiça, ele luta com Deus por uma bênção, por isso é agraciado, mas sai ferido da luta. Ao lutarmos por santidade sairemos feridos também, com cicatrizes feitas em nossa batalha no mundo, a ponto de Deus se compadecer como veremos no Santo Evangelho, as vezes parecemos ovelhas sem pastor, tamanha é a nossa luta.

 

1ª Leitura: Gn 32, 23-33

De modo algum te chamarás Jacó, mas Israel; porque lutaste com Deus e venceste.

Leitura do Livro do Gênesis 32,23-33

 

Naqueles dias, Jacó levantou-se ainda de noite, tomou suas duas mulheres, as duas escravas e os onze filhos, e passou o vau do Jaboc.

Depois de tê-los ajudado a passar a torrente, e atravessar tudo o que lhe pertencia, Jacó ficou só. E eis que um homem se pôs a lutar com ele
até o raiar da aurora. Vendo que não podia vencê-lo, este tocou-lhe o nervo da coxa e logo o tendão da coxa de Jacó se deslocou, enquanto lutava com ele.

O homem disse a Jacó: "Larga-me, pois já surge a aurora". Mas Jacó respondeu: "Não te largarei, se não me abençoares". O homem perguntou-lhe: "Qual é o teu nome?" Respondeu: "Jacó".

Ele lhe disse: "De modo algum te chamarás Jacó, mas Israel; porque lutaste com Deus e com os homens e venceste". Perguntou-lhe Jacó: "Dize-me, por favor, o teu nome". Ele respondeu: "Por que perguntas o meu nome?" E ali mesmo o abençoou.

Jacó deu a esse lugar o nome de Fanuel, dizendo: "Vi Deus face a face
e foi poupada a minha vida". Surgiu o sol quando ele atravessava Fanuel; e ia mancando por causa da coxa. Por isso os filhos de Israel não comem até hoje o nervo da articulação da coxa, pois Jacó foi ferido nesse nervo.

Palavra do Senhor.

 

        Em resposta a primeira leitura, o salmista reforça a luta de um servo fiel a Deus, Jacó, agora chamado Israel, vê Deus e é justificado, ele suplica ao Senhor por uma causa justa, ele se confia ao julgamento de Deus que é bom e misericordioso, o salmista nos faz recordar que temos um Deus maravilhoso que luta conosco e está caminhando ao nosso lado como caminhou com Israel no Deserto.

 

Salmo: 16 (17)

R. Verei, justificado, vossa face, ó Senhor!

Ó Senhor, ouvi a minha justa causa,
escutai-me e atendei o meu clamor!
Inclinai o vosso ouvido à minha prece,
pois não existe falsidade nos meus lábios! R.

 

De vossa face é que me venha o julgamento,
pois vossos olhos sabem ver o que é justo.

Provai meu coração durante a noite,
visitai-o, examinai-o pelo fogo,
mas em mim não achareis iniquidade. R.

 

Eu vos chamo, ó meu Deus, porque me ouvis,
inclinai o vosso ouvido e escutai-me!

Mostrai-me vosso amor maravilhoso,
vós que salvais e libertais do inimigo
quem procura a proteção junto de vós. R.

 

Protegei-me qual dos olhos a pupila
e guardai-me, à proteção de vossas asas,

Mas eu verei, justificado, a vossa face
e ao despertar me saciará vossa presença. R.

 

Evangelho: Mateus 9, 32-38

        Ao proclamarmos o Santo Evangelho, façamos uma exegese das coisas santas, esse alimento que é a Palavra, pois como diz o Concílio Vaticano II, em que reforça as palavras de São Gerônimo, “desconhecer as Escrituras é desconhecer a Deus”, e se desconheço a Deus não o amo, descumpro o primeiro Mandamento que é amar a Deus, não se pode amar o que se desconhece, exorto a todos uma leitura diária da Palavra, como reflexão do cumprimento de Amar a Deus sobre todas as coisas.

Exegese bíblica nada mais é do que uma análise ou um aprofundamento, uma interpretação do magistério da Igreja Católica, ou ainda pode ser uma explicação mais detalhada das Sagradas Escrituras.  A Etimologia dessa palavra remonta ao grego arcaico ‘exégésis’ (εξήγηση), que significa uma “interpretação”.

Mateus, descreve com detalhes um homem possesso, curado por Jesus, que depois de expulso o homem começou a falar, somos libertos do inimigo para evangelizar, denunciar as injustiças sociais, de nossos irmãos que padecem na miséria nas periferias da vida, abandonados como ovelhas sem pastor, são ovelhas, pois, são nossos irmãos em Cristo Jesus, nosso guia e pastor.

A vida de um cristão que quer seguir a Deus, é de uma intensa batalha, nas palavras de são Paulo “combater o bom combate”. O Cristo não nos prometeu uma vida fácil, mas nos assegurou que a chegada valeria pena.

Vimos nos Evangelhos, que o Mestre se retirava para orar, é necessária essa retirada, pois, o mundo é muito barulhento, como diz o Cardeal Robert Sarah, a ‘Ditadura do ruído’, uma obra maravilhosa que recomento a leitura, também afirma PP Bento XVI que “é melhor permanecer em silêncio e ser do que falar e não ser. É belo ensinar quando se faz o que se diz”, e ainda nos alerta o mesmo papa, “se não conseguirmos entrar nesse silêncio, sempre ouviremos a palavra de modo superficial e assim não a compreendemos verdadeiramente”, em sua admiração pelo cardeal Sarah, o papa Bento XVI disse que “ele é um mestre de silêncio e de oração interior, a liturgia está em boas mãos”.

 

A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos.

 

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 9,32-38

 

Naquele tempo, apresentaram a Jesus um homem mudo, que estava possuído pelo demônio. Quando o demônio foi expulso, o mudo começou a falar.
As multidões ficaram admiradas e diziam:
"Nunca se viu coisa igual em Israel". Os fariseus, porém, diziam:
"É pelo chefe dos demônios que ele expulsa os demônios". Jesus percorria todas as cidades e povoados, ensinando em suas sinagogas,
pregando o Evangelho do Reino,
e curando todo tipo de doença e enfermidade. Vendo Jesus as multidões, compadeceu-se delas,
porque estavam cansadas e abatidas,
como ovelhas que não têm pastor.
Então disse a seus discípulos: "A Messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi, pois, ao dono da messe que envie trabalhadores para a sua colheita!"
Palavra da Salvação.

 

        Acreditemos nas promessas de um Deus que é bom e misericordioso, façamos mais silêncio para poder escutar a Deus.

Salve Maria Santíssima!

 

REFERÊNCIAS

BENTENCOURT, Estevão. Cristologia. Rio de Janeiro: Mater Ecclesiae, 2009.

CARVALHO, César Augusto Saraiva; Carvalho, Mara Lícia Figueiredo Vieira de. Consagra-te! Devocionário. Natal/RN: Mater Dei, 2011.

MELO, Paulo Gabriel Batista. Quem é Jesus para você?. EUA: Amazon, 2025.

MONTFORT, Luiz Maria Grinion de. Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem. PETRÓPOLIS, R. J. RIO DE JANEIRO:  Editora Vozes Ltda. - Segunda Edição, 1943.

RATZINGER, Joseph. PP Bento XVI. Jesus de Nazaré: da entrada em Jerusalém até a ressurreição. São Paulo: Planeta, 2011.

SARAH, Robert. A força do silêncio: contra a ditadura do ruído. São Paulo: Edições Fons Sapientiae, 2024.

Citações bíblicas do site https://liturgiadiaria.edicoescnbb.com.br/

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