A primeira leitura nos apresenta a dor de Agar e de seu filho Ismael, expulsos ao deserto por ordem de Sara. É uma cena de abandono, de desespero, mas também de revelação: “Deus ouviu os gritos do menino” (Gn 21,17). O Senhor não é indiferente ao sofrimento dos pequenos. Ele vê, escuta e age. Mesmo quando os homens rejeitam, Deus acolhe. Ismael, embora fora da promessa principal, é também filho de Abraão, e Deus o abençoa.
O Salmo 33 é um eco da experiência de Agar: “Este infeliz gritou a Deus, e foi ouvido”. Ele nos convida a confiar no Senhor em todas as circunstâncias. Quem O busca, não será desamparado. A confiança em Deus não é ilusão, mas certeza de que Ele caminha conosco, mesmo no deserto.
No Evangelho, Jesus liberta dois homens possuídos por demônios. A libertação é tão poderosa que os próprios demônios reconhecem quem Ele é. Mas o povo da cidade, em vez de acolher o Salvador, pede que Ele vá embora. Por quê? Porque a presença de Jesus desinstala, desafia, transforma. Às vezes, preferimos a segurança do conhecido, mesmo que seja opressora, à liberdade que exige mudança.
Senhor, abre nossos olhos como abriste os de Agar. Dá-nos coragem para acolher tua presença libertadora, mesmo quando ela nos desafia. Que jamais peçamos que Tu te afastes, mas que Te deixemos transformar tudo em nós. Amém.