segunda-feira, 14 de julho de 2025

Memória de São Boaventura, bispo e doutor da Igreja

Por Diác. Paulo Gabriel Batista de Melo


DEUS DE MISERICÓRDIA

            Leituras da terça dia 15 de julho, da 15ª Semana do Tempo Comum Ano C – Lucas.

 

SÃO BOAVENTURA

Curado por São Francisco, ele era natural de Bagnoregio, “cidade onde também morreu”, nas proximidades de Viterbo, João Fidanza era filho de um médico. Percebeu logo que não queria seguir a profissão do pai. Segundo uma lenda, que também explicaria a adoção do seu nome religioso, o encontro com São Francisco de Assis teria sido decisivo em sua vida. De fato, quando era criança, o Santo o curou de uma doença grave, e fazendo o sinal da cruz em sua testa, exclamou: “Oh! boa ventura!”.  Em 1588, o Papa Sisto V o incluiu entre os Doutores da Igreja – que, na época, eram seis – junto com São Tomás de Aquino: Boaventura com o título de Doutor seráfico e Tomás com o de Doutor angélico. Sua contribuição para a doutrina teológica foi muito importante: partindo, antes de tudo, do pensamento de Santo Agostinho, expressou a necessidade de submeter a filosofia à teologia, uma vez que o objetivo desta última é Deus. Assim, a filosofia poderia apenas ajudar na busca humana de Deus, levando o homem de volta à sua dimensão interior – a alma – para reconduzir a Deus.

 

Leituras:

Ex 2,1-15a

Sl 68(69),3.14.30-31.33-34 (R. cf. 33)

Mt 11,20-24

 

            A liturgia de hoje nos mostra, Moisés que salvo das águas por Deus liberta o povo da escravidão egípcia, e Jesus que liberta o povo da escravidão do pecado, porém, nem todos aceitaram o projeto de Deus e permaneceram no pecado, sem conversão, o povo hebreu murmurou e não entrou na terra prometida, apenas seus descentes.

            Na primeira leitura, retirada do livro do Êxodo, vimos que a filha do faraó se compadece da criança e a salva entregando-a a própria mãe para cuidar sob remuneração do salário, pois grande foi a misericórdia de Deus na vida dos hebreus, a raça escolhida. Moisés não aceita os maus tratos ao seu povo, e acaba por matar um egípcio, por isto foi perseguido, o faraó o queria matar.

           

1ª Leitura: Ex 2,1-15a

Deu-lhe o nome de Moisés,
porque, disse ela, "eu o tirei das águas";
quando já era adulto,
Moisés saiu para visitar seus irmãos hebreus.

 

Leitura do Livro do Êxodo 2,1-15a

 

Naqueles dias, 1 um homem da família de Levi asou-se com uma mulher da mesma tribo, 2 e ela oncebeu e deu à luz um filho. Ao ver que era um belo menino,
manteve-o escondido durante três meses. 3 Mas não podendo escondê-lo por mais tempo, tomou uma cesta de junco, calafetou-a com betume e piche, pôs dentro dela a criança e deixou-a entre os caniços na margem do rio Nilo. 4 A irmã do menino ficou a certa distância para ver o que ia acontecer. 5 A filha do Faraó desceu para se banhar no rio, enquanto suas companheiras passeavam pela margem. Vendo, então, a cesta no meio dos caniços, mandou uma das servas apanhá-la. 6 Abrindo a cesta, viu a criança: era um menino, que chorava. Ela compadeceu-se dele e disse: "É um menino dos hebreus". 7 A irmã do menino disse, então, à filha do Faraó: "Queres que te vá chamar uma mulher hebreia, que possa amamentar o menino?" 8 A filha do Faraó respondeu: "Vai". E a menina foi e chamou a mãe do menino. 9 A filha do Faraó disse à mulher: "Leva este menino, amamenta-o para mim, e eu te pagarei o teu salário". A mulher levou o menino e amamentou. 10 Quando já estava crescido, ela levou-o à filha do Faraó,
que o adotou como filho e lhe deu o nome de Moisés,
porque, disse ela, "eu o tirei das águas". 11 Um dia, quando já era adulto, Moisés saiu para visitar seus irmãos hebreus; viu sua aflição e como um egípcio maltratava um deles. 12 Olhou para os lados e, não vendo ninguém, matou o egípcio e escondeu-o na areia. 13 No dia seguinte, saiu de novo e viu dois hebreus brigando, e disse ao agressor:
"Por que bates no teu companheiro?" 14 E este replicou: "Quem te estabeleceu nosso chefe e nosso juiz? Acaso pretendes matar-me, como mataste o egípcio?" Moisés ficou com medo e disse consigo:
"Com certeza, o fato se tornou conhecido". 15ª O Faraó foi informado do que aconteceu,
e procurava matar Moisés. Mas este, fugindo da sua vista, parou na terra de Madiã.

Palavra do Senhor.

 

Em resposta a primeira leitura, o salmista nos mostra o perigo de não ter um coração vivo para Deus e que a humildade é a porta para reavivar este coração que busca a vida. Em uma obra minha       “O MAL ESTÁ NA CIDADE”, é feita esta reflexão. Vejamos:

 

Salmo: Sl 68(69),3.14.30-31.33-34

Salmo responsorial  Sl 68(69),3.14.30-31.33-34 (R. cf. 33)
R. Humildes, procurai o Senhor Deus, e o vosso coração reviverá.

3 Na lama do abismo eu me afundo e não encontro um apoio para os pés. Nestas águas muito fundas vim cair, e as ondas já começam a cobrir-me! R.

 

14 Por isso elevo para vós minha oração, neste tempo favorável, Senhor Deus! Respondei-me pelo vosso imenso amor, pela vossa salvação que nunca falha! R.

 

30 Pobre de mim, sou infeliz e sofredor! Que vosso auxílio me levante, Senhor Deus! 31 Cantando eu louvarei o vosso nome e agradecido exultarei de alegria! R.

 

33 Humildes, vede isto e alegrai-vos: o vosso coração reviverá, se procurardes o Senhor continuamente!

34 Pois nosso Deus atende à prece dos seus pobres,
e não despreza o clamor de seus cativos. R

 

Podemos nos perguntar o que Deus quer da cidade? Ao ler a Palavra de Deus vimos em Jonas foi chamado a salvar a cidade de Nínive, e é pela conversão que isso ocorre. “Que ela se converta de seus erros e ame a Deus, cuide do pobre e lhe dê dignidade. Amar a Deus e ao próximo como a si mesmo”. Porém, isto é difícil de ocorrer, pois cada vez que as cidades aumentam em população cresce junto a maldade, a desigualdade, a miséria de muitos e prosperidade e ganância de muitos, outros por não conseguirem ascender socialmente se tornam ladrões e cometem outro tipo de mal, da mesma forma que podemos depreender da parábola citada por Jesus, o samaritano.

A cidade é fruto de desigualdade e miséria, de corrupção moral e de toda sorte de males que aflige o ser humano, será que a cidade é o modelo que Deus queria para nós? Vemos que muitas cidades são assoladas com toda espécie de mal. Por isso, o missionário de hoje, deve “sair de seus palácios” (PP Francisco), e ir as periferias, pois é lá que está Jesus abandonado sem comida, vivendo a dor e a violência das grandes cidades que não “veem, não sentem compaixão e não cuidam”1 de seu povo, é Jesus abandonado novamente, impedido de nascer na cidade e vai para a periferia e nasce em um curral.

A cidade nasce do pecado, da morte de Abel, e uma vez não podendo ficar no local onde havia matado seu irmão acabou por ter que se juntar aos outros povos para não ser atacado, criando assim a primeira cidade, que nasce marcada pela desobediência.

 

Evangelho: Mt 11,20-24

No dia do julgamento, Tiro e Sidônia
serão tratadas com menos dureza do que vós.

 

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 11,20-24

 

Naquele tempo, 20 Jesus começou a censurar as cidades onde fora realizada a maior parte de seus milagres, porque não se tinham convertido.

21 "Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida!
Porque, se os milagres  que se realizaram no meio de vós, tivessem sido feitos em Tiro e Sidônia,
há muito tempo elas teriam feito penitência,
vestindo-se de cilício e cobrindo-se de cinza.

22 Pois bem! Eu vos digo: no dia do julgamento, Tiro e Sidônia serão tratadas com menos dureza do que vós. 23 E tu, Cafarnaum!  Acaso serás erguida até o céu? Não! Serás jogada no inferno! Porque, se os milagres  que foram realizados no meio de ti
tivessem sido feitos em Sodoma, ela existiria até hoje! 24 Eu, porém, vos digo:  no dia do juízo,
Sodoma será tratada com menos dureza do que vós!"
Palavra da Salvação.

 

Ao proclamarmos o Santo Evangelho, vimos que Jesus fala das cidades de Corazim, Betsaida e Cafarnaum como cidades que não aceitaram a Boa Nova, e por isso seriam julgadas com mais rigor que as cidades de Tiro, Sidônia e Sodoma, parece que o projeto de Deus era voltado ao campesinato, o modelo de cidade sempre é excludente e marginaliza o pobre. Apesar de muitos milagres a cidade tinha o coração endurecido, não aceitando a proposta do Evangelho.

 

Salve Maria Santíssima!

 

REFERÊNCIAS

SÃO BOAVENTURA. Disponível em https://santo.cancaonova.com/santo/sao-boaventura-doutor-da-igreja/

BENTENCOURT, Estevão. Cristologia. Rio de Janeiro: Mater Ecclesiae, 2009.

CARVALHO, César Augusto Saraiva; Carvalho, Mara Lícia Figueiredo Vieira de. Consagra-te! Devocionário. Natal/RN: Mater Dei, 2011.

MELO, Paulo Gabriel Batista. Quem é Jesus para você?. EUA: Amazon, 2025. 

MONTFORT, Luiz Maria Grinion de. Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem. PETRÓPOLIS, R. J. RIO DE JANEIRO:  Editora Vozes Ltda. - Segunda Edição, 1943.

RATZINGER, Joseph. PP Bento XVI. Jesus de Nazaré: da entrada em Jerusalém até a ressurreição. São Paulo: Planeta, 2011.

SARAH, Robert. A força do silêncio: contra a ditadura do ruído. São Paulo: Edições Fons Sapientiae, 2024.

Citações bíblicas do site https://liturgiadiaria.edicoescnbb.com.br/

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