Por Diác. Paulo Gabriel Batista de Melo
DEUS DE MISERICÓRDIA
Leituras da terça dia 15 de julho,
da 15ª Semana do Tempo Comum Ano C – Lucas.
SÃO
BOAVENTURA
Curado por São Francisco, ele era natural
de Bagnoregio, “cidade onde também morreu”, nas proximidades de Viterbo, João
Fidanza era filho de um médico. Percebeu logo que não queria seguir a profissão
do pai. Segundo uma lenda, que também explicaria a adoção do seu nome
religioso, o encontro com São Francisco de Assis teria sido decisivo em sua
vida. De fato, quando era criança, o Santo o curou de uma doença grave, e
fazendo o sinal da cruz em sua testa, exclamou: “Oh! boa ventura!”. Em
1588, o Papa Sisto V o incluiu entre os Doutores da Igreja – que, na época,
eram seis – junto com São Tomás de Aquino: Boaventura com o título de Doutor
seráfico e Tomás com o de Doutor angélico. Sua contribuição para a doutrina
teológica foi muito importante: partindo, antes de tudo, do pensamento de Santo
Agostinho, expressou a necessidade de submeter a filosofia à teologia, uma vez
que o objetivo desta última é Deus. Assim, a filosofia poderia apenas ajudar na
busca humana de Deus, levando o homem de volta à sua dimensão interior – a alma
– para reconduzir a Deus.
Leituras:
Ex
2,1-15a
Sl
68(69),3.14.30-31.33-34 (R. cf. 33)
Mt
11,20-24
A liturgia de hoje nos mostra,
Moisés que salvo das águas por Deus liberta o povo da escravidão egípcia, e
Jesus que liberta o povo da escravidão do pecado, porém, nem todos aceitaram o
projeto de Deus e permaneceram no pecado, sem conversão, o povo hebreu murmurou
e não entrou na terra prometida, apenas seus descentes.
Na primeira leitura, retirada do
livro do Êxodo, vimos que a filha do faraó se compadece da criança e a salva
entregando-a a própria mãe para cuidar sob remuneração do salário, pois grande
foi a misericórdia de Deus na vida dos hebreus, a raça escolhida. Moisés não
aceita os maus tratos ao seu povo, e acaba por matar um egípcio, por isto foi
perseguido, o faraó o queria matar.
1ª
Leitura: Ex 2,1-15a
Deu-lhe o nome de Moisés,
porque, disse ela, "eu o tirei das águas";
quando já era adulto,
Moisés saiu para visitar seus irmãos hebreus.
Leitura
do Livro do Êxodo 2,1-15a
Naqueles dias, 1 um
homem da família de Levi asou-se com uma mulher da mesma tribo, 2 e ela oncebeu
e deu à luz um filho. Ao ver que era um belo menino,
manteve-o escondido durante três meses. 3 Mas não podendo escondê-lo por mais
tempo, tomou uma cesta de junco, calafetou-a com betume e piche, pôs dentro
dela a criança e deixou-a entre os caniços na margem do rio Nilo. 4 A irmã do
menino ficou a certa distância para ver o que ia acontecer. 5 A filha do Faraó
desceu para se banhar no rio, enquanto suas companheiras passeavam pela margem.
Vendo, então, a cesta no meio dos caniços, mandou uma das servas apanhá-la. 6 Abrindo
a cesta, viu a criança: era um menino, que chorava. Ela compadeceu-se dele e
disse: "É um menino dos hebreus". 7 A irmã do menino disse, então, à
filha do Faraó: "Queres que te vá chamar uma mulher hebreia, que possa
amamentar o menino?" 8 A filha do Faraó respondeu: "Vai". E a menina
foi e chamou a mãe do menino. 9 A filha do Faraó disse à mulher: "Leva
este menino, amamenta-o para mim, e eu te pagarei o teu salário". A mulher
levou o menino e amamentou. 10 Quando já estava crescido, ela levou-o à filha
do Faraó,
que o adotou como filho e lhe deu o nome de Moisés,
porque, disse ela, "eu o tirei das águas". 11 Um dia, quando já era
adulto, Moisés saiu para visitar seus irmãos hebreus; viu sua aflição e como um
egípcio maltratava um deles. 12 Olhou para os lados e, não vendo ninguém, matou
o egípcio e escondeu-o na areia. 13 No dia seguinte, saiu de novo e viu
dois hebreus brigando, e disse ao agressor:
"Por que bates no teu companheiro?" 14 E este replicou: "Quem te
estabeleceu nosso chefe e nosso juiz? Acaso pretendes matar-me, como mataste o
egípcio?" Moisés ficou com medo e disse consigo:
"Com certeza, o fato se tornou conhecido". 15ª O Faraó foi informado
do que aconteceu,
e procurava matar Moisés. Mas este, fugindo da sua vista, parou na terra de
Madiã.
Palavra do Senhor.
Em resposta a primeira leitura, o salmista
nos mostra o perigo de não ter um coração vivo para Deus e que a humildade é a
porta para reavivar este coração que busca a vida. Em uma obra minha “O MAL ESTÁ NA CIDADE”, é feita esta
reflexão. Vejamos:
Salmo:
Sl
68(69),3.14.30-31.33-34
Salmo responsorial Sl
68(69),3.14.30-31.33-34 (R. cf. 33)
R. Humildes, procurai o Senhor Deus, e o vosso coração reviverá.
3 Na lama do abismo eu me afundo e
não encontro um apoio para os pés. Nestas águas muito fundas vim cair, e as
ondas já começam a cobrir-me! R.
14 Por isso elevo para vós minha
oração, neste tempo favorável, Senhor Deus! Respondei-me pelo vosso imenso
amor, pela vossa salvação que nunca falha! R.
30 Pobre de mim, sou infeliz e
sofredor! Que vosso auxílio me levante, Senhor Deus! 31 Cantando eu louvarei o
vosso nome e agradecido exultarei de alegria! R.
33 Humildes, vede isto e alegrai-vos:
o vosso coração reviverá, se procurardes o Senhor continuamente!
34 Pois nosso Deus atende à prece dos
seus pobres,
e não despreza o clamor de seus cativos. R
Podemos nos perguntar o que Deus quer da
cidade? Ao ler a Palavra de Deus vimos em Jonas foi chamado a salvar a cidade
de Nínive, e é pela conversão que isso ocorre. “Que ela se converta de seus
erros e ame a Deus, cuide do pobre e lhe dê dignidade. Amar a Deus e ao próximo
como a si mesmo”. Porém, isto é difícil de ocorrer, pois cada vez que as
cidades aumentam em população cresce junto a maldade, a desigualdade, a miséria
de muitos e prosperidade e ganância de muitos, outros por não conseguirem
ascender socialmente se tornam ladrões e cometem outro tipo de mal, da mesma
forma que podemos depreender da parábola citada por Jesus, o samaritano.
A cidade é fruto de desigualdade e
miséria, de corrupção moral e de toda sorte de males que aflige o ser humano,
será que a cidade é o modelo que Deus queria para nós? Vemos que muitas cidades
são assoladas com toda espécie de mal. Por isso, o missionário de hoje, deve
“sair de seus palácios” (PP Francisco), e ir as periferias, pois é lá que está
Jesus abandonado sem comida, vivendo a dor e a violência das grandes cidades
que não “veem, não sentem compaixão e não cuidam”1 de seu povo, é Jesus
abandonado novamente, impedido de nascer na cidade e vai para a periferia e
nasce em um curral.
A cidade nasce do pecado, da morte de
Abel, e uma vez não podendo ficar no local onde havia matado seu irmão acabou
por ter que se juntar aos outros povos para não ser atacado, criando assim a
primeira cidade, que nasce marcada pela desobediência.
Evangelho:
Mt
11,20-24
No dia do julgamento, Tiro e Sidônia
serão tratadas com menos dureza do que vós.
Proclamação do Evangelho de Jesus
Cristo segundo Mateus 11,20-24
Naquele tempo, 20 Jesus
começou a censurar as cidades onde fora realizada a maior parte de seus
milagres, porque não se tinham convertido.
21 "Ai de ti,
Corazim! Ai de ti, Betsaida!
Porque, se os milagres que se realizaram no meio de vós, tivessem sido
feitos em Tiro e Sidônia,
há muito tempo elas teriam feito penitência,
vestindo-se de cilício e cobrindo-se de cinza.
22 Pois bem! Eu
vos digo: no dia do julgamento, Tiro e Sidônia serão tratadas com menos dureza
do que vós. 23 E tu, Cafarnaum! Acaso serás erguida até o céu? Não! Serás
jogada no inferno! Porque, se os milagres que foram realizados no meio de
ti
tivessem sido feitos em Sodoma, ela existiria até hoje! 24 Eu, porém, vos
digo: no dia do juízo,
Sodoma será tratada com menos dureza do que vós!"
Palavra da Salvação.
Ao proclamarmos o Santo Evangelho, vimos
que Jesus fala das cidades de Corazim, Betsaida e Cafarnaum como cidades que
não aceitaram a Boa Nova, e por isso seriam julgadas com mais rigor que as
cidades de Tiro, Sidônia e Sodoma, parece que o projeto de Deus era voltado ao
campesinato, o modelo de cidade sempre é excludente e marginaliza o pobre.
Apesar de muitos milagres a cidade tinha o coração endurecido, não aceitando a
proposta do Evangelho.
Salve Maria Santíssima!
REFERÊNCIAS
SÃO BOAVENTURA. Disponível em https://santo.cancaonova.com/santo/sao-boaventura-doutor-da-igreja/
BENTENCOURT, Estevão. Cristologia. Rio de Janeiro: Mater Ecclesiae, 2009.
CARVALHO, César Augusto Saraiva; Carvalho, Mara Lícia Figueiredo Vieira de. Consagra-te! Devocionário. Natal/RN: Mater Dei, 2011.
MELO, Paulo Gabriel Batista. Quem é Jesus para você?. EUA: Amazon, 2025.
MONTFORT,
Luiz Maria Grinion de. Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem.
PETRÓPOLIS, R. J. RIO DE JANEIRO:
Editora Vozes Ltda. - Segunda Edição, 1943.
RATZINGER, Joseph. PP Bento XVI. Jesus de Nazaré: da entrada em Jerusalém até a ressurreição. São Paulo: Planeta, 2011.
SARAH, Robert. A força do silêncio: contra a ditadura do ruído. São Paulo: Edições Fons Sapientiae, 2024.
Citações bíblicas do site https://liturgiadiaria.edicoescnbb.com.br/