Em uma revelação surpreendente, o cardeal Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre, anunciou que o governo brasileiro convidou oficialmente o Papa Leão XIV a visitar o Brasil em novembro para a cúpula das Nações Unidas sobre o clima, a COP30
Durante uma coletiva de imprensa realizada no Vaticano em 1º de julho de 2025, o cardeal presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil destacou que essa visita não é "impossível", mas que a logística está complicada devido a outro compromisso do Papa no mesmo mês: a celebração do aniversário do Concílio de Nicéia, na Turquia.
O cardeal Spengler, que está em Roma para apresentar um apelo sobre mudanças climáticas redigido pelos bispos do Sul do mundo, revelou que ele havia "sugerido" ao novo papa, logo após sua eleição, que participasse da COP30, que ocorrerá de 10 a 21 de novembro em Belém, no estado do Pará, na Amazônia. A predileção do governo brasileiro pela presença do pontífice foi reforçada com o envio de um convite oficial, que, segundo Spengler, agora está nas mãos do Papa. Ele comentou que a decisão de aceitar essa invitativa está em aberto: "Ao encontrar cardeais da Ásia, América Latina e África, que vieram lhe apresentar um apelo sobre o clima, Leão XIV 'deixou a questão em aberto'", relatou.
No sábado anterior, o cardeal serbio Ladislav Nemet, vice-presidente do Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE), também havia sugerido ao Papa uma rápida visita ao Brasil para a COP: "Pelo menos por dois dias". O pontífice teria respondido que estavam "trabalhando nisso".
Caso essa visita se confirme, seria a primeira participação de um papa em uma COP. O papa anterior, Francisco, deveria ter comparecido à COP28, em dezembro de 2023, em Dubai, mas sua viagem foi cancelada de última hora por razões de saúde.
Desafios e Compromissos
Entretanto, a organização desse viagem já se revela desafiadora, considerando a agenda repleta do Papa. Em novembro, além da cúpula climática, o líder da Igreja Católica também é esperado na Turquia para celebrar os 1700 anos do Concílio de Nicéia. As datas desse deslocamento turco ainda estão incertas e não foram oficializadas pelo Vaticano. Alguns comentam sobre 30 de novembro, dia de São André, padroeiro do patriarcado de Constantinopla, enquanto outros, como o cardeal Spengler, propõem a primeira quinzena do mês.
Esse projeto de viagem a Iznik, a antiga Nicéia, a 130 quilômetros de Istambul, havia sido inicialmente desejado por Francisco e planejado para maio, mas teve que ser adiado devido à morte do pontífice argentino e à eleição de Leão XIV. Poucos dias após sua eleição, no dia 12 de maio, o novo Papa se comprometeu em uma audiência com jornalistas que pretendia visitar Nicéia: “Estamos nos preparando para isso”, disse.
O metropolita Emmanuel de Chalcédoine, representante do patriarca Bartolomeu de Constantinopla, também deu indícios de que essa viagem está em planejamento. Em sua conversa com Leão XIV, ele mencionou uma possível visita ao sede do patriarcado ecumênico e uma cerimônia conjunta com Bartolomeu em Iznik, embora sem definir uma data específica.
Essa viagem, que visa fomentar o diálogo ecumênico entre os cristãos, pode ter também uma dimensão política, uma vez que o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, pode querer receber o Papa.
Dentro do já atribulado mês de novembro, o sucessor de Pedro tem dois compromissos relacionados ao Jubileu de 2025. No dia 16, ele presidirá o Jubileu dos Pobres, e nos dias 22 e 23, participará do Jubileu dos Coros e Corais.
Diante de uma agenda tão cheia, o cardeal Spengler concluiu que "veremos o que o Espírito Santo dirá ao seu coração e a seus colaboradores mais próximos aqui em Roma", mantendo viva a esperança de que a visita ao Brasil se concretize.