Na Assunção de Nossa Senhora celebramos a Assunção (subida) de Maria ao céu.
No Evangelho, Maria visita Isabel, que se enche do Espírito Santo. Na primeira leitura, do apocalipse, Maria participa na vitória de Cristo. Na segunda leitura, Paulo nos diz que Cristo reinará até que todos os seus inimigos estejam debaixo de seus pés.
Primeira Leitura (Ap 11,19a;12,1-6a.10ab)
Leitura do Livro do Apocalipse de São João
Abriu-se o Templo de Deus que está no céu e apareceu no Templo a arca da Aliança. Então apareceu no céu um grande sinal: uma mulher vestida de sol, tendo a lua debaixo dos pés e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas. Então apareceu outro sinal no céu: um grande Dragão, cor de fogo. Tinha sete cabeças e dez chifres e, sobre as cabeças, sete coroas. Com a cauda, varria a terça parte das estrelas do céu, atirando-as sobre a terra. O Dragão parou diante da Mulher que estava para dar à luz, pronto para devorar o seu Filho, logo que nascesse. E ela deu à luz um filho homem, que veio para governar todas as nações com cetro de ferro. Mas o Filho foi levado para junto de Deus e do seu trono. A mulher fugiu para o deserto, onde Deus lhe tinha preparado um lugar. Ouvi então uma voz forte no céu, proclamando: "Agora realizou-se a salvação, a força e a realeza do nosso Deus, e o poder do seu Cristo".
Salmo Responsorial – Sl 44(45),10bc.11.12ab.16 (R. 10b) – Defender a verdade e a justiça
O Salmo 44(45) é um cântico que celebra o casamento do rei. Na interpretação católica, é visto como uma prefiguração de Cristo, o Rei divino, e sua relação com Maria, a "Rainha".
Refrão (10b): À vossa direita se encontra a rainha, com veste esplendente de ouro de Ofir.
As filhas de reis vêm ao vosso encontro, † e à vossa direita se encontra a rainha * com veste esplendente de ouro de Ofir. R.
Escutai, minha filha, olhai, ouvi isto: "Esquecei vosso povo e a casa paterna! Que o Rei se encante com vossa beleza! Prestai-lhe homenagem: é vosso Senhor! R.
Entre cantos de festa e com grande alegria, * ingressam, então, no palácio real". R.
Segunda Leitura (1Cor 15,20-27a)
Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios
Irmãos: Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram. Com efeito, por um homem veio a morte e é também por um homem que vem a ressurreição dos mortos. Como em Adão todos morrem, assim também em Cristo todos reviverão. Porém, cada qual segundo uma ordem determinada: Em primeiro lugar, Cristo, como primícias; depois, os que pertencem a Cristo, por ocasião da sua vinda. A seguir, será o fim, quando ele entregar a realeza a Deus-Pai, depois de destruir todo principado e todo poder e força. Pois é preciso que ele reine até que todos os seus inimigos estejam debaixo de seus pés. O último inimigo a ser destruído é a morte. Com efeito, "Deus pôs tudo debaixo de seus pés".
Evangelho (Lc 1,39-56)
Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, apressadamente, a uma cidade da Judeia. Entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Com um grande grito, exclamou: "Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!" Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar? Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre. Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido, o que o Senhor lhe prometeu". Então Maria disse: "A minha alma engrandece o Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, porque olhou para a humildade de sua serva. Doravante todas as gerações me chamarão bem-aventurada, porque o Todo-poderoso fez grandes coisas em meu favor. O seu nome é santo, e sua misericórdia se estende, de geração em geração, a todos os que o respeitam. Ele mostrou a força de seu braço: dispersou os soberbos de coração. Derrubou do trono os poderosos e elevou os humildes. Encheu de bens os famintos, e despediu os ricos de mãos vazias. Socorreu Israel, seu servo, lembrando-se de sua misericórdia, conforme prometera aos nossos pais, em favor de Abraão e de sua descendência, para sempre". Maria ficou três meses com Isabel; depois voltou para casa.
Palavras do Papa
O segredo de Maria é a humildade. Foi a humildade que atraiu o olhar de Deus sobre ela. O olhar humano procura sempre a grandeza e fica deslumbrado com o que é ostensivo. Deus, ao contrário, não olha para as aparências, Deus olha para o coração (cf. 1 Sm 16, 7) e encanta-se com a humildade: a humildade do coração encanta Deus. Hoje, olhando para a assunção de Maria, podemos dizer que a humildade é o caminho para o Céu. A palavra “humildade” deriva do termo latim humus, que significa “terra”. É paradoxal: para chegar ao alto, ao Céu, é preciso permanecer baixo, como a terra! Jesus ensina: «Aquele que se humilha será exaltado» (Lc 14, 11). Deus não nos exalta pelos nossos dons, pelas riquezas, pela capacidade, mas pela humildade; Deus é apaixonado pela humildade. Deus eleva aqueles que se abaixam, que servem. De facto, Maria nada mais atribui a si mesma do que o “título” de serva: é «a serva do Senhor» (Lc 1, 38). Nada mais diz sobre si, nada busca para si.
Hoje, então, podemos perguntar-nos, cada um de nós, no nosso coração: como estou em humildade? Procuro ser reconhecido pelos outros, afirmar-me e ser elogiado, ou penso em servir? Será que sei ouvir, como Maria, ou só quero falar e receber atenções? Será que sei ficar em silêncio, como Maria, ou estou sempre a tagarelar? Sei retroceder, desanuviar contendas e argumentos, ou procuro apenas sobressair sempre? Pensemos nestas questões: Como estou em humildade?
Maria, na sua pequenez, é a primeira a conquistar os céus. O segredo do seu sucesso reside precisamente em reconhecer-se pequena, em reconhecer-se necessitada. Com Deus, apenas quantos se reconhecem como nada são capazes de receber tudo. (...)
Os dias da Cheia de graça não foram muito marcantes. Prosseguiam da mesma maneira, no silêncio: no exterior, nada de extraordinário. Mas o olhar de Deus permaneceu sempre sobre ela, admirando a sua humildade, a sua disponibilidade, a beleza do seu coração, nunca manchado pelo pecado.
É uma grande mensagem de esperança para cada um de nós; para ti, que vives dias iguais, cansativos e muitas vezes difíceis. Maria lembra-te hoje que Deus também te chama a este destino de glória. Estas não são palavras bonitas, é a verdade. Não se trata de um final feliz, criado de propósito, de uma ilusão piedosa ou de uma falsa consolação. Não, é pura realidade, viva e verdadeira como Nossa Senhora elevada ao Céu. Celebremo-la hoje com o amor de filhos, celebremo-la, jubilosos, mas humildes, animados pela esperança de um dia estar com ela no Céu! (Angelus, 15 de agosto de 2021)