Por Diac. Francisco Teixeira
Iniciado o segundo semestre do ano em curso, somos impelidos à participação ativa em todas as etapas das eleições municipais. Por suas regras escolheremos os gestores públicos e os membros do parlamento municipais que cuidarão, nos próximos quatro anos, dos interesses públicos da população que vive na realidade concreta dos municípios e cidades brasileiras. Por essa razão, somos convocados para agir com muita responsabilidade, já que, individualmente, somos corresponsáveis pela destinação e gestão do Bem Comum e da Coisa Pública que são confiados por cada eleitor(a) ao velamento dos prefeitos e vereadores.
Então, cabe a cada cidadã e cidadão eleitores fazer as melhores escolhas entre os candidatos que se nos apresentam como dignatários de tão relevante Serviço à cidadania, que é ser Servidor Público. Desse “Empregado da Cidadania” espera-se maior compromisso com as causas e necessidades que mais demandam atenção, cuidado e implementação em favor da população; especialmente da maioria, que são os mais pobres e carentes de políticas públicas básicas, que tanto precisam, como saúde, educação, moradia, trabalho e renda, entre outras.
Então, a campanha eleitoral que já nos envolve deve ser compreendida como oportunidade para se conhecer quais são os propósitos e planos de ação que cada candidato e os partidos políticos trazem como alternativa de solução para os problemas graves gerados pela inação do Estado e de muitos governantes. Sob esse prisma, o processo eleitoral, ora em curso, se constitui, sem dúvida alguma, um tempo precioso, propício à concertação daquilo que não condiz com a dignidade humana e com a destinação dos bens contidos no depósito do Bem Comum.
O Povo brasileiro – e é a sua maioria - que precisa da prestação dos serviços públicos oferecidos pelo Estado, portanto, e no caso em debate, pelos gestores municipais, clama por administradores públicos com formação e competências condizentes com as responsabilidades do encargo que lhes são confiados.
Neste mês de agosto, o Papa Francisco propõe como intenção de oração aos membros do Apostolado da Oração: “rezemos para que os líderes políticos estejam a serviço de seu povo, trabalhando pelo desenvolvimento humano integral, trabalhando pelo bem comum, cuidando dos que perderam seu emprego e dando prioridade aos mais pobres”. E ao explicar o seu desejo, afirma: “falo da POLÍTICA com maiúsculas, não da politicagem. Falo da política que escuta a realidade, que está a serviço dos pobres, não da que está escondida em grandes edifícios com longos corredores.
Falo da política que se preocupa com os desempregados e sabe muito bem como pode ser triste um domingo quando a segunda-feira é um dia a mais sem poder ir trabalhar. Se a vemos assim, a política é muito mais nobre do que aparenta. E ainda recorda aos cristãos, especialmente os leigos que “todos são chamados a participar da vida política, para poder construir uma sociedade mais justa e solidária. “Um indivíduo pode ajudar a uma pessoa necessitada, porém, quando se une a outros para gerar processos sociais de fraternidade e de justiça para todos, entra no campo da mais ampla caridade, a caridade política” (Fratelli Tutti). Não é demais recordar aos cristãos, e aos católicos em especial, que no dizer do papa São Paulo VI, “a atividade política é uma das formas mais altas da caridade, porque busca o bem comum”.
De fato, a ação de Cristo – e, por consequência – a de seus seguidores, incide na transformação do ser humano na sua realidade concreta, tornando-o sal e luz em uma sociedade que necessita, a cada dia, ser construída e reconstruída à luz da justiça, da verdade e da solidariedade. Eis, pois, o desafio decorrente da Fé que professamos e dos valores que irrompem da Palavra de Deus que nos comunica o verdadeiro caminho que leva à libertação e à salvação da pessoa humana com todos os bens da criação.