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Querido povo de Deus, as leituras de hoje nos colocam diante de um cenário comum na história da salvação: a esterilidade. Tanto a esposa de Manoá (mãe de Sansão) quanto Isabel (mãe de João Batista) sofriam com a impossibilidade biológica de gerar filhos. Naquela cultura, ser estéril não era apenas uma dor física, mas uma vergonha social e uma aparente falta de bênção divina.
Deus escolhe o impossível para manifestar Sua glória. No Livro de Juízes, o anjo anuncia que aquela mulher, até então esquecida, geraria o libertador de Israel. No Evangelho, Zacarias e Isabel, já em idade avançada, recebem a notícia de que suas orações foram ouvidas.
Isso nos ensina que o Advento é o tempo da esperança contra toda esperança. Muitas vezes, nos sentimos estéreis em nossa vida espiritual, em nossos projetos ou em nossas famílias. Onde parece que nada mais pode nascer, Deus está preparando o solo para um milagre.
Um detalhe intrigante do Evangelho é o silêncio de Zacarias. Por duvidar da promessa do anjo, ele fica mudo. Às vezes, Deus nos impõe um tempo de silêncio para que paremos de falar das nossas próprias limitações e comecemos a contemplar a Sua grandeza.
O silêncio de Zacarias não foi apenas um castigo, mas uma oportunidade de gestação. Ele precisou de nove meses de silêncio para que, quando sua boca finalmente se abrisse, não saíssem palavras de dúvida, mas o belíssimo canto do Benedictus.
Ambas as crianças anunciadas na litugia de hoje, Sansão e João Batista, têm uma missão específica, preparar o povo para a libertação. Sansão livraria Israel dos filisteus pela força física. João Batista prepararia o caminho para o Messias pela força da Palavra e do arrependimento.
Deus tem um projeto para cada vida, mesmo antes de nascermos. O Salmo 70 reforça essa confiança: "Sois vós, ó Senhor, minha esperança... desde o seio materno vós sois o meu amparo".
Nesta reta final do Advento, vem a pergunta: Em qual área da nossa vida nos sentimos "estéreis" ou sem saída? Estamos dispostos a silenciar o barulho interno para ouvir a promessa de Deus?
Que a Virgem Maria, que também viveu a expectativa do impossível, nos ensine a dizer "Sim" à vida que Deus quer gerar em nós.
Amém.