Assistente Eclesiástico da Pastoral da Comunicação
Arquidiocese de Natal
Nestes últimos dias, vi uma postagem numa das muitas redes sociais sobre uma pergunta que alguém fez a Dom Hélder Câmara e a resposta dele. A pergunta era sobre o que ele achava da então moda do “topless”. A resposta de Dom Helder foi curta e grossa, mas também categórica: “Meu filho, eu me preocupo com quem não tem roupa para usar, mas com quem tem para tirar, não me preocupo”. Aquele que fez a pergunta a Dom Hélder certamente desconhecia o trecho do evangelho em que Jesus afirma – “eu estava nu e me vestistes”(Mt 25,36). Essa era a preocupação de Dom Hélder.
O falso moralismo, creio eu, é uma das muitas faces perversas, senão cínica, da humanidade, desde o tempo em que veio Jesus e conviveu com os povos de sua época. A resposta de Dom Hélder está relacionada ao Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus (25,31-46). Neste trecho do Evangelho, Mateus descreve o que Jesus ensinou aos povos para que possam alcançar a salvação futura, no Juízo Final, e serve de lição até hoje para toda humanidade. Este trecho do Evangelho ensina o caminho e a prática da caridade para com os desvalidos e é “estrada de salvação” de cada criatura humana que assume os ensinamentos de Jesus.
Atualmente, os falsos moralistas não questionam mais ninguém sobre o comportamento de muitas pessoas a respeito dos modelitos de trajes e do atual modismo, em praticamente todos os ambientes, principalmente durante os chamados “mega-shows” de tantas bandas que percorrem os quatro cantos deste País, tocando músicas(?) ao som de tantans, guitarras e outros instrumentos barulhentos e ensurdecedores, enquanto algumas mulheres seminuas rebolam suas cadeiras em cima de um palco, com movimentos sensuais, e a turba se diverte lá embaixo, ingerindo bebidas alcoólicas e até drogas. Tudo é visto como algo mais normal neste mundão de Deus, nos tempos atuais.
E, é claro, essas bandas e seus componentes arrecadam milhões de Reais em cada show que realizam. E já que se fala em moralismo, cabe a pergunta que também se enquadra no contexto: Essas bandas recolhem o devido imposto ao poder Público? Afinal, a fonte de renda do Poder Executivo – federal, estadual e municipal – é o imposto devido e pago pelos cidadãos, em função de suas atividades e bens móveis e imóveis. Ou será que as ditas “bandas” não se enquadram nas regras fiscais às quais os cidadãos estão sujeitos?
Talvez muitos sejamos como os fariseus, que sempre tentavam fazer pegadinhas com Jesus, para ver se ele caía em alguma contradição. Nos relatos de Mateus encontramos esta passagem em que os fariseus, com a intensão de apanhar Jesus em alguma contradição, questionam o Mestre sobre se é permitido ou não pagar o imposto ao imperador (cf. Mt 22,16-17). Jesus encara os fariseus, qualifica-os de hipócritas e, no final, responde – “Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”(Cf. Mt 22,21).
Cabe aos cristãos e homens de boa vontade serem fiéis ao Evangelho de Jesus Cristo e praticar a caridade para com os desvalidos – os sem roupa, sem teto, sem comida – porque, no Juízo Final, cada um de nós será cobrado a esse respeito. “Naquele dia” essa cobrança será feita, e se a resposta for a correta, se ouvirá o convite: “Vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do Reino que vos está preparado desde a criação do mundo(...)” Mt.25,34.