quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

Não corte o fio da vida

Por Diác. Zé Bezerra

O que há de mais precioso para cada criatura de Deus é a vida. Jesus mesmo é quem confirma esta verdade, quando diz: “Eu vim para que todos tenham vida, e a para que a tenham em abundância”(Jo 10,10). Mas para que toda criatura humana tenha vida em abundância, há necessidade de preservar a vida dos demais seres vivos em todos os ambientes que circundam o habitat natural dos humanos. Afinal, fazem parte da obra da criação, como narra a Bíblia no Livro dos Gênesis. “Produza a terra plantas, ervas e árvores frutíferas...; pululem as águas de uma multidão de seres vivos, e voem as aves sobre a terra...; produza a terra seres vivos segundo a sua espécie: animais domésticos, repteis e animais selvagens. E assim se fez”(cf. Gn 1, 11-24).

Diante da obra criada por Deus para servir à humanidade e às demais criaturas sobre a terra, cabe a pergunta: como o ser humano está cuidando da sua “casa comum”, obra de Deus sobre a qual habitam todos os seres criados? Um olhar no entorno em que cada pessoa vive em todo Planeta mostra inúmeras ações de degradação do meio ambiente, desprezo pela vida humana e animal, poluição do ar, do solo e das águas, entre outras ações que enfraquecem a Terra... Sim, a Terra tem vida e gera vida e é sobre ela que a vida de todas as criaturas – humanas, irracionais e vegetais – se mantem e se preserva.

Todas as criaturas, não somente a humana, têm direito à vida. E em determinado momento a vida humana ficou tão desvalorizada por causa das ações e atitudes destas mesmas criaturas humanas que a Organização das Nações Unidas (ONU) sentiu a necessidade de criar regras gerais de convivência. Criou a Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 10 de agosto de 1948. E agora, em comemoração a esta Declaração, a Igreja Católica da América Latina, sentindo o enfraquecimento do respeito à vida em geral, desenvolve uma campanha de solidariedade em defesa da “Casa Comum”, com apoio do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral e Pontifícia Comissão para a América Latina. Esta campanha, que tem como título “A vida está por um fio” e com o lema “Tecer o futuro, proteger a vida”, foi apresentada na segunda-feira, 9 de dezembro, na Sala de Imprensa da Santa Sé.

Então, como está a vida no seu entorno? Você respeita os vizinhos, o meio ambiente? Você coloca o lixo no lixo? Planta árvores e não agride os animais? Ou ainda aprisiona as aves em gaiolas com o objetivo de ouvir o cantar delas? Será que esse cantar de uma ave aprisionada é mesmo um canto ou será um choro em apelo pela liberdade? Quer ouvir o canto dos pássaros? Basta plantar árvores, disponibilizar alimentos e deixa-los livres para o seu ir e vir, como você faz diariamente. Você é livre para ir a qualquer lugar, quando quer. Então, porque aprisionar as aves ou animais silvestres?

Deus não quer suas criaturas aprisionadas. “Deus criou os monstros marinhos e toda a multidão de seres vivos que enchem as águas segundo a sua espécie e todas as aves segundo a sua espécie. E Deus viu que isso era bom. E Deus os abençoou: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei as águas do mar, e que as aves se multipliquem sobre a Terra”(Gn1, 21-22). Então, não destrua a obra que Deus criou. Lembre-se do ensinamento de Jesus, que promete a todos vida em abundância”. Colabore com a obra de Deus. Não aja como o ladrão (Jo 10,10) que deixa “A vida está por um fio”.





Diácono José Bezerra de Araújo Assistente eclesiástico da PASCOM

Arquidiocese de Natal

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