Por Diác. Zé Bezerra
No domingo passado ouviu-se e meditou-se a Parábola do Jovem Rico, que vai ao encontro de Jesus para lhe perguntar o que “deve fazer para alcançar a vida eterna”. Jesus responde usando os mandamentos da Lei de Deus: “não matarás, não adulterarás, não furtarás, não darás falso testemunho, não enganarás a ninguém e honra teu pai e tua mãe”. Ele diz a Jesus que já faz tudo isso. Mas Jesus lhe afirma que falta uma coisa: “vá, venda tudo que você já possui e dê o dinheiro aos pobres, e você terá um tesouro no céu. Depois, venha e siga-me”. A atitude do jovem rico é de grande desapontamento. Abatido, ele se afasta cheio de tristeza. Qual é a constatação de Jesus? “Como é difícil para um rico entrar no reino dos céus”(cf. Mc 10, 17-31).
É, gente, essa afirmação de Jesus a respeito do acesso ao Reino dos Céus inquieta muita gente. Há muitos cristãos com tantos bens que nem sabem o que fazer com eles, mas, mesmo assim, não se dispõem a ajudar os que nada têm. Pra clarear ainda mais essa caminhada difícil em busca do Reino dos Céus, Jesus ainda diz aos apóstolos: “É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus”(Mc 10,25).
Ouvindo uma reflexão do Pe. Júlio Lancellotti, sobre este versículo, ele afirma, de forma jocosa, que mesmo submetendo o camelo a um “regime rigoroso para perder peso”, jamais passará pelo fundo da agulha. É o que acontece a cada cristão apegado à riqueza! Não só os que possuem fortunas “incalculáveis”, como se costuma dizer. Basta os que possuem alguns bens e recursos financeiros e são muito “apegados” a eles, como o jovem rico. Aquele jovem “deu as costas” não só para Jesus, mas para o Reino de Deus.
E não é difícil agir diferentemente do jovem rico. Há muitas paróquias e organizações filantrópicas que desenvolvem inúmeras ações caritativas ou de assistência social a muitos grupos e pessoas em situação de vulnerabilidade e poucos sãos os cristãos que ajudam. Disponibilizar recursos para essas ações já é um bom começo. É Jesus mesmo quem afirma, ainda no evangelho de Marcos: “... Ninguém que tenha deixado, casa, irmãos, mãe, pai filhos ou campos por causa de mim e do evangelho, deixará de receber cem vezes mais, já no tempo presente...”(cf. Mc 10,29-30).
Alguns, certamente, se perguntarão como fazer uma obra de caridade... Nem precisa criar uma obra nova. Basta buscar as que já existem e que fazem um excelente trabalho de assistência. Muitas paróquias têm pastorais sociais, que fazem campanha de coleta de alimentos, de roupas e outros itens básicos para famílias carentes. Também existem organismos, como as Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAEs), abrigos dispensários que acolhem idosos em situação de vulnerabilidade por não terem mais familiares, e até organizações da Igreja que lutam pela melhoria da qualidade de vida de famílias do campo (Serviço de Assistência Rural e o Serviço de Apoio aos Projetos Alternativos Comunitários – SAR e SEAPAC), organizações sem fins lucrativos que atuam nos territórios da Arquidiocese de Natal e nas Dioceses de Mossoró e Caicó.
Porém, não é o fato de ser rico que a pessoa não alcançará a salvação e deixará de entrar no Reino dos Céus. O problema está no apego aos bens que possui. Esse apego mesquinho à riqueza e aos bens materiais é que exclui o dono desses bens, como o jovem rico, ao acesso ao Reino Eterno. Esse apego exagerado aos bens materiais que possui leva o cidadão a deixar com fome o faminto, não vestir o nu, não acolher o “estrangeiro”... Lembre-se do Evangelho de Mateus: “Eu estava com fome e me destes de comer; eu estava com sede e me destes de beber; eu era estrangeiro e me recebestes em casa; eu estava nu e me vestistes; eu estava doente e cuidastes de mim; eu estava na prisão e fostes me visitar...”(cf.Mt25,31-46). Os bens materiais, portanto, tanto servem para a salvação como para a condenação... Alcança-se a salvação por meio de obras, e não acumulando riquezas, bens materiais. Eles não irão com você quando deixar esta vida terrena...