Por Diac. Zé Bezerra
As mídias sociais de maior acesso às pessoas, inclusive crianças, oportunizaram a todos que a elas acessam a possibilidade de publicarem o que quiserem – opiniões, artigos, mensagens de otimismo, figuras, fotos, charges, entre outros. Evidentemente, não é uma “terra sem lei” na qual qualquer um pode publicar o que quiser, mesmo sendo um crime por ofensa, falsidade ideológica, entre outros. Tais publicações são feitas inclusive por meio de instrumentos simples, como um celular, um tablet, notebook ou qualquer outro instrumento, portátil ou não.
Uma rápida sondagem em vários destes grupos de relacionamento social ou chamados de meios de comunicação revela que a maioria do que se publica ali é material irrelevante, sem conteúdo edificante e, muitas vezes, até ofensivo. Mas, também, publicam-se mensagens de alta relevância que até se contrapõem aos já citados equipamentos.
Recentemente, por exemplo, num dos grupos do WhatsApp, um vídeo continha uma fala de Dom Hélder Câmara na qual ele criticava a falta de assistência social às comunidades de periferia. Publicação bem relevante!
O acesso fácil às mídias sociais em que se lê de tudo um pouco ou muito de quase nada levou muitas pessoas a se esquecerem de ler o conteúdo das tradicionais “mídias”, como jornais, revistas, e, principalmente livros. A nova geração – jovens e crianças, principalmente – então quase que só lê o que aparece nas chamadas mídias sociais eletrônicas. Nada de pegar um livro, uma revista, um jornal...
Mas os chargistas – essas pessoas geniais – encontram maneira bem edificante de fazer a sua crítica a essas atitudes das crianças, dos jovens e até dos adultos “de hoje” que desprezam os instrumentos de comunicação tradicionais – revistas, livros e jornais – e se limitam às mídias digitais.
Duas dessas charges recém publicadas são fantásticas e quase que se complementam. Elas narram a situação de uma vendedora de livros, numa biblioteca. Numa delas, a vendedora entrega um livro a uma criança e diz: “isto se chama livro. Não precisa ligar; basta levantar a capa e começar a lê; para passar à pagina seguinte, não precisa clicar; é só virar a página; ah, e nunca desliga”. A outra charge é semelhante à primeira. A vendedora apresenta o livro à criança e diz: “isto se chama livro. É com ele que se instalam novos software no sistema operacional cerebral”.
Será que esses exemplos não servem de lição para o futuro? O que será de uma geração que não pensa sem as mídias sociais; que não lê os pensadores fantásticos que a humanidade teve e ainda tem, e que se perpetuam ainda hoje através dos seus escritos, teorias e dogmas? Qual é a esperança de futuro das crianças e jovens de hoje sem um alicerce de conhecimentos? Que esperança essa gente de hoje pode deixar para as futuras gerações?
E o que será dos que não têm acesso às mídias sociais tão sofisticadas e caras? Elas estão muito distantes dos “sem dinheiro” para investir em tais tecnologias. Felizmente, há instituições públicas que proporcionam tal acesso às tecnologias. Por essa razão, o ensino público deve ser priorizado pelos governos, nos três níveis – municipal, estadual e federal – porque as famílias de baixa renda não poderão proporcionar aos filhos o acesso às sofisticadas tecnologias sociais de educação da chamada “mídia eletrônica” e nem matricular em escolas particulares.
Vale, aqui, lembrar esta lição que deixou para todos a figura emblemática de Dom Hélder Câmara: “Não é aos pobres que cabe partilhar minha esperança; antes, é a mim que cabe partilhar a esperança deles. Aprendi muito com aqueles a quem chamam de pobres e que, no entanto, são ricos do Espírito do Senhor”(Dom Hélder Câmara).
Enfim, abrir espaços para os “sem dinheiro” a fim de que também tenham acesso às tecnologias sociais de educação é manter viva a esperança de um País melhor, mais culto e mais igualitário.