sábado, 29 de novembro de 2025

Advento Início de um Novo Ano Litúrgico e um Tempo de Esperança e Preparação (Diác. Edson Araújo)

Neste domingo, 30 de novembro de 2025, a Igreja Católica em todo o mundo iniciará um novo ciclo em sua vida litúrgica: o Ano Litúrgico 2026 - Ciclo A, que traz consigo a riqueza dos Evangelhos de São Mateus. Este momento é marcado pelo início do Advento, um período sagrado que antecede o Natal e convida milhões de cristãos católicos a uma profunda jornada espiritual de espera, renovação e esperança.

Mas, o Que é o Advento?

O Advento é muito mais do que uma simples contagem regressiva para o Natal. É o primeiro tempo do Ano Litúrgico, um período de quatro semanas repleto de significado teológico e espiritual que prepara os fiéis para celebrar o duplo mistério da vinda de Cristo, sua primeira chegada ao mundo como homem, nascido em Belém há mais de dois mil anos, e sua segunda vinda gloriosa no final dos tempos.

Este tempo litúrgico possui uma estrutura cuidadosamente pensada, as duas primeiras semanas dedicam-se à meditação sobre a vinda definitiva do Senhor no fim do mundo, convidando os fiéis a viverem em vigilância e preparação. As duas últimas semanas concentram-se na contemplação concreta do nascimento de Jesus e sua irrupção na história humana, aquecendo os corações para a celebração do Natal.

O Advento de 2025 estende-se de 30 de novembro até 24 de dezembro, quando, nas primeiras Vésperas do Natal, encerra-se este tempo de preparação e inicia-se a alegria da celebração natalina.

E qual a origem e tradição do Advento?

As raízes do Advento mergulham profundamente na história da Igreja. Entre os séculos IV e VII, em diversas regiões do mundo cristão, começou a surgir esta tradição de preparação espiritual para o Natal. Inicialmente, o Advento era marcado por um período de jejum e penitência, semelhante à Quaresma, focado na purificação interior e no arrependimento.

Com o passar dos séculos, a liturgia do Advento evoluiu, mantendo seu caráter penitencial mas incorporando cada vez mais o elemento da alegre expectativa. Hoje, é reconhecido como um tempo de esperança vibrante, onde o roxo litúrgico, cor que representa preparação e conversão, domina as celebrações, exceto no terceiro domingo (Domingo Gaudete), quando o rosa pode ser usado como sinal da alegria que se aproxima.

O Tema do Advento 2025

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) propôs como tema para o Advento de 2025: “Hoje, é preciso que eu fique em tua casa” (Lc 19,5), uma frase profunda que Jesus dirigiu a Zaqueu e que ressoa em nossos corações como um convite urgente e pessoal. Este tema nos lembra que Cristo não apenas nasceu há dois mil anos, mas deseja nascer hoje em nossas vidas, em nossas casas, em nossos corações.

Esta escolha temática é particularmente significativa, pois estamos no Ano Jubilar de 2025, proclamado ainda pelo saudoso Papa Francisco como um tempo extraordinário de graça, perdão e conversão para toda a Igreja universal.

O Significado Profundo do Novo Ano Litúrgico

O início do Ano Litúrgico com o Advento não é uma coincidência, mas uma escolha teológica profunda. Enquanto o calendário civil nos convida a olhar para trás e fazer resoluções para o futuro, o calendário litúrgico propõe algo diferente: compreender o sentido do tempo à luz de Cristo.

O Ano Litúrgico é a maneira pela qual a Igreja organiza e celebra os mistérios da fé ao longo de um ciclo anual, permitindo que os fiéis meditem sistematicamente sobre a vida, morte, ressurreição e glória de Jesus Cristo. É um convite a viver o tempo não de forma linear, mas cíclica, sempre renovando e aprofundando a experiência de fé.

Com o Advento de 2025, inauguramos o Ano A do ciclo litúrgico, que será dedicado ao Evangelho de São Mateus. Este evangelista, conhecido por apresentar Jesus como o Messias prometido e o cumprimento das Escrituras, nos guiará ao longo de 2026 através das bem-aventuranças, das parábolas do Reino e do mistério pascal. Mateus nos apresenta Cristo como o Mestre por excelência, cujos ensinamentos iluminam o caminho dos discípulos.

A Coroa do Advento, um Símbolo Vivo de Fé

Um dos símbolos mais belos e reconhecíveis deste tempo é a Coroa do Advento, tradição que remonta às práticas germânicas cristianizadas. Esta coroa circular, feita de ramos verdes, carrega em si uma riqueza simbólica extraordinária.

A Forma Circular

O círculo perfeito da coroa representa o amor infinito e eterno de Deus, sem começo nem fim, que nos envolve e sustenta. É uma imagem da eternidade divina que se faz presente em nossa temporalidade.

Os Ramos Verdes

Os ramos sempre verdes simbolizam Cristo, a vida eterna, aquele que vence a morte e traz renovação constante. Em pleno inverno no hemisfério norte, obviamente, quando a natureza parece morta, o verde permanece como sinal de esperança e vida que não se extingue.

As Quatro Velas

No centro da coroa, quatro velas aguardam para serem acesas, uma a cada domingo do Advento. Tradicionalmente, três velas são roxas e uma é rosa, aquela que será acesa no terceiro domingo. Cada vela representa uma virtude fundamental e marca um domingo específico:

  1. Primeiro Domingo (30 de novembro) - Esperança: A Vela da Profecia (roxa) nos lembra das profecias do Antigo Testamento que anunciavam a vinda do Messias. É tempo de despertar e vigiar.

  2. Segundo Domingo (7 de dezembro) - Paz: A Vela de Belém (roxa) evoca a pequena cidade onde nasceria o Príncipe da Paz. É tempo de conversão e preparação dos caminhos.

  3. Terceiro Domingo (14 de dezembro) - Alegria: A Vela do Pastor (rosa) celebra a alegria do Domingo Gaudete (“Alegrai-vos!”), quando já se antecipa a proximidade do Natal. É tempo de alegrar-se porque o Senhor está próximo.

  4. Quarto Domingo (21 de dezembro) - Amor: A Vela do Anjo (roxa) nos prepara para acolher o Amor Encarnado, Jesus Cristo. É tempo de abertura total ao mistério que se aproxima.

À medida que se aproxima o Natal, o acender progressivo das velas simboliza Cristo, Luz do Mundo, dissipando as trevas e trazendo reconciliação aos corações. Em muitas tradições, uma quinta vela branca é acesa na noite de Natal, representando o próprio Cristo que nasce como luz definitiva.

E como viver o Advento, um caminho espiritual?

O Advento não é um tempo para ser apenas comemorado externamente, mas profundamente vivido. A Igreja propõe aos fiéis diversas práticas espirituais para este período.

Vigilância e Oração

As leituras litúrgicas do Advento insistem constantemente no tema da vigilância: “Ficai atentos, vigiai” (Mc 13,33). É um convite a viver despertos espiritualmente, não deixando que a rotina e as preocupações mundanas adormeçam a fé. Em um mundo saturado de distrações, o Advento nos chama ao silêncio interior e à escuta da voz de Deus.

Conversão e Penitência

O Advento é tempo propício para o Sacramento da Reconciliação, preparando o coração como uma manjedoura limpa para receber Jesus. É momento de examinar a vida à luz do Evangelho, reconhecer fraquezas e buscar a misericórdia divina. O tema deste ano – “Hoje, é preciso que eu fique em tua casa” – nos interpela: nossa casa interior está pronta para receber Cristo?

Caridade Concreta

Seguindo o exemplo de João Batista, que pregava a partilha e a justiça, o Advento nos chama a gestos concretos de solidariedade. Preparar o caminho do Senhor significa também preparar nossos corações através do amor ao próximo, especialmente aos mais necessitados. No contexto do Ano Jubilar, esta dimensão de caridade e justiça social torna-se ainda mais urgente.

Contemplação da Palavra

As leituras bíblicas deste tempo são riquíssimas: os profetas (especialmente Isaías), os salmos de esperança, as cartas de São Paulo e os evangelhos que narram a preparação da vinda de Cristo. Meditar estas Escrituras alimenta a alma e orienta o caminho. O Evangelho de Mateus, que começará a nos acompanhar domingo após domingo, nos desafiará a viver as bem-aventuranças e a construir o Reino de Deus.

Celebração em Família

O Advento é tempo privilegiado para resgatar tradições familiares, como a de montar a Coroa do Advento em casa, fazer orações em família especialmente no momento de acender as velas, preparar o presépio progressivamente começando pelo cenário e deixando o Menino Jesus para a noite de Natal, praticar o calendário do Advento com gestos de bondade, criar rituais de partilha e perdão.

O Advento no Contexto do Ano Jubilar

O Advento de 2025 possui um significado ainda mais especial por estar inserido no Ano Santo 2025, proclamado pelo Papa Francisco. Este Jubileu Ordinário, sob o tema “Peregrinos da Esperança”, convida todos os católicos a uma renovação profunda da fé, à reconciliação e à vivência da misericórdia.

Assim, este Advento não é apenas preparação para o Natal, mas também preparação para viver plenamente as graças do Ano Jubilar. É uma oportunidade única de renovar nossa peregrinação de fé, de buscar perdão e reconciliação, de abrir as portas do coração para que Cristo possa verdadeiramente “ficar em nossa casa”.

Advento, A Esperança que Não Decepciona

Em um mundo frequentemente marcado por incertezas, ansiedades, guerras e desesperanças, o Advento surge como um farol luminoso. A esperança cristã, como ensina São Paulo, “não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo” (Rm 5,5).

Esta esperança não é ingênua ou passiva, mas ativa e transformadora. É a certeza de que Deus não abandona seu povo, de que a história humana tem um sentido e um destino, de que a última palavra não pertence às trevas, mas à Luz. É a confiança de que, como disse Jesus a Zaqueu, Ele também diz a cada um de nós: “Hoje, é preciso que eu fique em tua casa”.

O Advento nos ensina a esperar com sentido, mas não uma espera vazia ou resignada, mas uma expectativa cheia de confiança, que nos move a preparar ativamente os caminhos do Senhor em nossa vida pessoal e comunitária. É tempo de cultivar a vigilância, a conversão, a alegria e o amor.

Um Novo Começo para Toda a Igreja

Quando amanhã, 30 de novembro de 2025, as comunidades católicas ao redor do mundo se reunirem para celebrar o Primeiro Domingo do Advento, estarão inaugurando juntas um novo ciclo de graça. Não importa em que continente estejam, que língua falem ou que cultura possuam, todos estarão unidos no mesmo desejo, preparar o coração para receber Jesus.

Este novo ano litúrgico é um presente de Deus, uma nova oportunidade de crescimento espiritual, um convite renovado a viver mais profundamente os mistérios da fé. É como se a Igreja, Mãe pedagoga, nos tomasse pela mão e dissesse: “Vamos recomeçar, vamos novamente percorrer o caminho da salvação, deixando que Cristo ilumine cada aspecto de nossa existência.”

Roteiro Espiritual para os Domingos do Advento

Para viver intensamente este Advento, vale a pena ter presente o caminho que a Igreja nos propõe:

  • 30 de novembro: Primeiro Domingo – Vigilância e esperança. Começamos nossa jornada atentos aos sinais da presença de Deus.

  • 7 de dezembro: Segundo Domingo – Conversão e preparação. João Batista nos convida a endireitar os caminhos do Senhor.

  • 14 de dezembro: Terceiro Domingo (Gaudete) – Alegria e proximidade. O Senhor está próximo, é tempo de alegrar-se!

  • 21 de dezembro: Quarto Domingo – Acolhimento e abertura. Como Maria, dizemos nosso “sim” ao mistério de Deus.

  • 24 de dezembro: Véspera de Natal – Culminância da espera. “Hoje nasceu para vós um Salvador!”

Acolher a Vinda do Senhor

O Advento nos coloca diante de uma pergunta fundamental: estamos preparados para receber o Senhor? Não apenas para celebrar seu nascimento histórico em Belém, mas para acolhê-lo hoje, em nossa vida concreta, em nossas escolhas diárias, em nossos relacionamentos, em nossa casa.

Este tempo litúrgico é um chamado à conversão genuína, à renovação da esperança, ao fortalecimento da fé e ao exercício da caridade. É um convite a deixar que a luz de Cristo dissipe as trevas de nosso coração, transformando-nos em portadores desta mesma luz para o mundo.

Que este Advento, inserido no contexto do Ano Jubilar de 2025, seja para cada católico e para toda a Igreja um tempo de graça abundante, de crescimento espiritual e de encontro cada vez mais profundo com Cristo. Que possamos dizer como Zaqueu: “Senhor, fica em minha casa!” E que, como ele, sejamos transformados pela presença d’Aquele que vem nos salvar.

Que este novo Ano Litúrgico, inaugurado amanhã com o Advento e guiado pelo Evangelho de São Mateus, nos conduza a uma compreensão mais profunda do Reino de Deus e a uma vivência mais autêntica das bem-aventuranças.

Vinde, Senhor Jesus!


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