domingo, 1 de junho de 2025

A esperança na ascensão e a urgência de um mundo sem guerra (crônica do Diác. Edson Araújo)


A humanidade sempre buscou o alto. Desde os primeiros passos da civilização, olhamos para o céu em busca de respostas, esperança e redenção. Mas, ironicamente, enquanto contemplamos as alturas, o chão sob nossos pés se torna palco de batalhas sangrentas, onde a política, os interesses econômicos e as disputas territoriais falam mais alto que a própria dignidade humana.

A Ascensão de Cristo nos lembra que há um propósito maior, um horizonte além da guerra e da destruição. No entanto, enquanto o Cristo sobe aos céus, os homens seguem firmes na terra, com suas armas em punho, convencidos de que a força pode determinar o destino de um povo. O conflito entre Rússia e Ucrânia, e a guerra contínua entre Israel e Palestina, são a evidência de que ainda não compreendemos o verdadeiro significado da Ascensão: a missão de transformar o mundo em lugar de paz, justiça e fraternidade.

Jesus disse aos discípulos que não lhes cabia saber "os tempos e os momentos que o Pai determinou" (At 1,7), mas que eles receberiam o Espírito e seriam suas testemunhas "até os confins da terra". Hoje, essa mensagem soa como um desafio político e moral. Os líderes mundiais que discursam sobre paz precisam entender que não basta proclamar intenções – é preciso ação concreta. E nós, cidadãos do mundo, devemos exigir isso.

O Salmo da liturgia diz que Deus é o Senhor das nações. Entretanto, na realidade política, os senhores da guerra continuam movendo peças no tabuleiro do poder, alimentando rivalidades e provocando sofrimento. Israel e Palestina vivem um ciclo interminável de violência, onde cada ofensiva gera uma retaliação ainda mais brutal. Ucrânia e Rússia mergulham em um conflito que parece não ter fim, enquanto alianças e sanções reforçam narrativas de guerra e não de reconstrução.

O que significa a Ascensão para um mundo mergulhado em crises geopolíticas? Talvez seja um chamado para olhar para cima, mas com a consciência de que ainda há muito a ser feito aqui embaixo. Jesus não subiu para abandonar a humanidade, mas para confiar a nós uma missão. A Igreja, os líderes políticos e a sociedade devem se unir na tarefa de transformar o discurso pacifista em algo concreto.

A Ascensão nos relembra que a esperança não pode ser apenas um sentimento abstrato – ela precisa ser um movimento real, uma força capaz de mudar a história. Cabe a nós decidir se vamos apenas contemplar o céu, ou se vamos, finalmente, fazer desta terra um reflexo da paz que tanto buscamos.

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