"Na noite da Páscoa, Cristo entrega aos discípulos o dom messiânico da sua paz e os torna participantes da sua missão" (no. 140): Jesus disse de novo: "A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, eu também vos envio". Dito isso, soprou sobre eles e falou: "Recebei o Espírito Santo". (Jo 20,21-22). A Igreja é a continuação do Cristo na terra. Com Ele, somos também "co-missionados" para a construção do Reino de Deus. Portanto, a missão passa por mim, por você, por todos!
"Para que o santo Povo de Deus possa testemunhar a todos a alegria do Evangelho, crescendo na prática da sinodalidade, precisa de uma formação adequada: antes de tudo, à liberdade de filhos e filhas de Deus no seguimento de Jesus Cristo, contemplado na oração e reconhecido nos pobres" (no. 141). Eis a chave dessa última parte: formação. É preciso formar para a liberdade.
"[...] é importante redescobrir como a celebração dominical da eucaristia forma os cristãos [...] Para muitos fiéis, a Eucaristia dominical é o único contato com a Igreja: cuidar da sua celebração do melhor modo, com particular atenção à homilia e à 'participação ativa' (SC 14) de todos, é decisivo para a sinodalidade" (no. 142). O Papa Francisco tem insistido numa melhor preparação para a homilia. Ela é parte importante da celebração, mas deve ser eficaz e eficiente. É preciso considerar o envolvimento do ministro ordenado com os demais membros da assembleia para além das fronteiras celebrativas, sob pena de falarmos línguas ininteligíveis para os ouvintes. Preparar bem as homilias, respeitando as condições intelectuais da comunidade, é uma chave para uma homilia envolvente e transformadora.
"Um dos pedidos que emergiu com maior força e de todas as partes durante o processo sinodal é que a formação seja integral, contínua e partilhada. [...] Deve, portanto, interpelar todas as dimensões da pessoa (intelectual, afetiva, relacional e espiritual) e incluir experiências concretas devidamente acompanhadas" (no. 143). Não se pode separar o intelectual do afetivo, nem do espiritual do ser humano. Tudo precisa ser considerado em um projeto de formação. Olhar esses eixos é reconhecer o homem como uma criação completa de Deus. Apesar dos destaques em algum desses eixos, é preciso garantir um estado de maturidade em todos. Só assim o povo de Deus estará bem formado.
"Entre as práticas formativas que podem receber novo impulso a partir da sinodalidade, é dada particular atenção à catequese para que, além de ser integrada nos itinerários da Iniciação Cristã, seja cada vez mais 'em saída' e voltada para o exterior" (no. 145. Nota: tradução minha, a partir da versão francesa, que parece capturar melhor o sentido original que está em italiano). Uma catequese voltada para o exterior. É um grande desafio fazer os catequisandos olharem o mundo com os olhos cristãos. Não se trata de apenas conhecer as doutrinas, mas sim de um grande esforço para aplicá-las no cotidiano.
Por fim, uma palavra sobre o capítulo de conclusão. "Ao viver o processo sinodal, tomamos nova consciência de que a salvação que será recebida e anunciada passa pelas relações. Ela é vivida e testemunhada em conjunto" (no. 154). " À Virgem Maria, que tem o esplêndido título de Odigitria [nota: expressão ortodoxa que é relacionada à Nossa Senhora da Guia], aquela que indica e guia o caminho, confiamos os resultados deste Sínodo. Ela, Mãe da Igreja, que no Cenáculo ajudou a comunidade nascente a se abrir à novidade do Pentecostes, nos ensine a ser um Povo de discípulos missionários que caminham juntos: uma Igreja sinodal" (no. 155). Amém, amém, amém!