Desde o lançamento da iniciativa, o mundo passou por transformações profundas. A revolução digital e a inteligência artificial automatizaram diversas funções, enquanto a desinformação e a polarização, amplificadas pelas mídias digitais, se tornaram desafios urgentes. Além disso, a pandemia de COVID-19 agravou desigualdades educacionais, evidenciando a necessidade de um modelo mais inclusivo e acessível.
Diante desse cenário, o Pacto Educativo Global continua atual. O Papa Francisco propõe uma educação fundamentada na solidariedade, justiça, inclusão e fraternidade, princípios expressos especialmente na Evangelii Gaudium e na Laudato Si'. Para ele, a educação deve estar no centro das transformações necessárias para superar fragmentações e construir um mundo mais humano e sustentável.
Estruturado em sete compromissos fundamentais, o Pacto propõe incentivar a acolhida, renovar a economia e a política, responsabilizar a família e cuidar da casa comum. Além disso, busca uma educação capaz de superar a fragmentação e a polarização, promovendo espaços de diálogo e inclusão nas escolas e universidades. Também defende a justiça social e o desenvolvimento sustentável, formando cidadãos comprometidos com a ética, a equidade e o cuidado com o meio ambiente. Outro ponto central é o combate ao analfabetismo e à desigualdade no acesso ao ensino, por meio de políticas públicas e parcerias entre governos, instituições religiosas e educacionais.
A Arquidiocese de Natal tem atuado ativamente na implementação dos princípios do Pacto Educativo Global, firmando parcerias com instituições de ensino superior, como o Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN) e a UFRN, e busca novos parceiros para fortalecer esse compromisso. O protocolo assinado entre a Arquidiocese e o IFRN, no início de fevereiro de 2025, reforça a prioridade de ampliar o acesso à educação para populações vulneráveis, promovendo inclusão social e oferecendo oportunidades formativas alinhadas à justiça social, à cultura e à sustentabilidade.
Esse esforço reflete a longa tradição da Arquidiocese de Natal no campo educacional. Desde tempos em que o ensino era um privilégio de poucos, a Igreja esteve à frente de iniciativas que democratizaram o acesso ao conhecimento. Um exemplo inspirador foi o Movimento de Natal, com suas Escolas Radiofônicas, que permitiram a milhares de pessoas no interior do estado aprender a ler e escrever, conquistando cidadania e dignidade.
A educação, no entanto, não pode ser um esforço isolado, mas um compromisso coletivo que envolva diversos setores da sociedade. O Papa Francisco nos convida a construir uma aliança educativa que vá além da sala de aula, englobando escolas, famílias, comunidades, governos e instituições religiosas, promovendo uma educação aberta, acessível e integral.
Para que o Pacto Educativo Global se consolide, é fundamental fomentar políticas públicas que integrem seus princípios, promovendo parcerias entre governos, igrejas e instituições de ensino. Além disso, é necessário criar programas educacionais interdisciplinares, incorporando temas como ética, sustentabilidade e inclusão social nos currículos escolares. Também se faz essencial fortalecer redes de colaboração, unindo escolas, universidades, empresas e comunidades na construção de um sistema educacional transformador. Por fim, é imprescindível utilizar novas tecnologias de forma ética e inclusiva, garantindo que o avanço digital seja um aliado da educação, e não um fator de exclusão.
Seis anos após o chamado do Papa Francisco, o Pacto Educativo Global continua sendo necessário e urgente. Diante dos desafios educacionais e sociais que marcam nosso tempo, sua proposta de reconstrução da educação como instrumento de fraternidade, justiça e sustentabilidade deve ser retomada com vigor, promovendo uma verdadeira transformação na sociedade.