Assistente Eclesiástico da Pastoral da Comunicação
Arquidiocese de Natal
Aproxima-se o período do carnaval, que tem origem na “antiguidade” e é definido como a “festa profana” que precede o Tempo da Quaresma. Corresponde, portanto, aos três dias antes da Quarta-feira de Cinzas”. Certamente há quem se pergunte se é pecado ou não “brincar o carnaval”, ou seja, participar dos festejos carnavalescos. A resposta fica com a consciência de cada pessoa. Os exageros, quebrando as regras da convivência comunitária e da moral, certamente se enquadram no que se classifica como pecado, ou seja, a violação dos preceitos humanos, religiosos e cristãos.
Muitas pessoas “caem na folia”, brincam os três dias de carnaval, esbanjando sua alegria, saúde e disposição física. Outras, no entanto, escolhem o período para se recolher em ambientes silenciosos, longe da barulhenta folia carnavalesca. Outras, ainda, preferem lugares tranquilos, mas convivendo com amigos, divertindo-se à sua maneira, porém bem distantes dos desfiles e celebrações desta festa que muitos chamam de profana.
Mas o que diz a Bíblia a respeito desta festa que precede o período quaresmal desde a antiguidade? Na Carta aos Gálatas há advertências de São Paulo quanto às “orgias” ou “festas barulhentas”. Ele adverte que “as obras da carne são fornicação, impureza, libertinagem, idolatria, superstição, inimizades, brigas, ciúmes, ódio, ambição, discórdias, partidos, invejas, bebedeira, orgias e coisas semelhantes”(cf. Gl 5,19-21). As palavras de São Paulo são advertência quanto às oportunidades que as orgias favorecem para a devassidão, que é a violação de direitos e preceito religioso, e não o fato de brincar e se divertir no período carnavalesco.
Por sua vez, na primeira Carta de São Pedro, há esta advertência. “Baste-vos que no tempo passado tenhais vivido segundo os caprichos dos pagãos, em luxúrias, concupiscências, embriaguez, orgias, bebedeiras e criminosas idolatrias”. Certamente, no período carnavalesco aparecem as oportunidades para estas práticas.
Os que renunciam à devassidão mundana ganham a graça de Deus, como está escrito na Carta a Tito. “Manifestou-se, com efeito, a graça de Deus, fonte de salvação para todos os homens. Veio para nos ensinar a renunciar à impiedade e às paixões mundanas e a viver neste mundo toda sobriedade, justiça e piedade, na expectativa da nossa esperança feliz, a aparição gloriosa de nosso Deus e Salvador Jesus Cristo...(cf. Tt 2,11-13).
Em outras palavras, participar das festas com sobriedade, alegria, respeito aos preceitos divinos e sociais, às demais pessoas e aos costumes sociais sadios não fere os princípios cristãos. O que fere são os exageros, aquilo que extrapola social e religiosamente os limites impostos pelas leis divinas e humanas. Então, depois da festa social, você também poderá participar das festas religiosas pós carnaval, que começam na Quarta-Feira de Cinzas.
Contudo, se preferir, busque lugares e grupos de pessoas que se recolhem em comunidades, ou na casa de amigos na zona rural, para curtir a Natureza. Neste período, no Semiárido, a zona rural oferece um clima gostoso com a chegada das chuvas, terra molhada e mato verde com certeza, amenizando a temperatura. Pode ser um tempo para repor as energias, repousar a mente e o corpo dos estresses do trabalho, do alvoroço das cidades barulhentas e poluídas, e apreciar o canto dos pássaros e a exuberância das plantas nativas, como os cactos, as juremas, os velames, as catingueiras, os juazeiros e os pereiros verdes e floridos. São maravilhas que Deus oferece através da natureza. Mas, com certeza, a escolha é sua!