Paróquia de São Camilo de Léllis – Lagoa Nova – Natal
Arquidiocese de Natal
Nossa Arquidiocese está em vias de iniciar um grande Sínodo local. A comissão de preparação tem trabalhado para delinear a metodologia mais apropriada para fazermos todos, todos, todos, parte desse processo. Para tanto, seria muito bom trabalharmos a recepção do documento final do Sínodo dos Bispos. Você conhece esse documento do magistério papal?
Nas próximas semanas, eu gostaria de partilhar nesse blog de nossa Arquidiocese com alguns insights do documento. São cinco partes e a cada semana vamos olhando para uma delas. A primeira chama-se O CORAÇÃO DA SINODALIDADE.
Essa parte começa lembrando as palavra do Concílio sobre o povo Deus: "Aprouve a Deus santificar e salvar os homens não individualmente, excluída qualquer ligação entre eles, mas constituí-los num povo que o conhecesse na verdade e o servisse santamente" (LG, 9). Ora, um povo é muito mais que uma soma de cidadãos. Assim, também, a Igreja é muito mais que a soma dos batizados. Exige história, cultura, tempo e espaço para formação de um povo. Estamos todos interligados e não apenas uns com os outros contemporâneos, mas também somos imagem dos nossos antepassados e molde para os nossos descendentes.
Depois, o capítulo fala no senso da fé. Essa percepção sobrenatural que é inspirada pelo Espírito Santo e todo o povo de Deus, vinculado pelo batismo, tem, é que nos ajuda a passar de uma organização social para uma Igreja (no.s 16 e 44).
O documento ainda fala de ligação entre liturgia e sínodo. De fato, existe uma estreita ligação entre synaxis (encontro para celebração) e synodos (caminho conjunto). Em ambas se realiza a promessa de Jesus de estar presente onde dois ou mais estiverem reunidos em seu nome (no. 27).
Os bispos, com o Papa, também apresentam um desejo de uma Igreja mais próxima das pessoas e mais relacional, que seja casa e família de Deus (no. 28).
Mais adiante, o documento retoma uma frase da Caritas in Veritate: "De natureza espiritual, a criatura humana realiza-se nas relações interpessoais [...]. Não é isolando-se que o homem se valoriza a si mesmo, mas relacionando-se com os outros e com Deus" (no. 34).
Quanto trata da Espiritualidade sinodal, os bispos, junto com o Papa, dizem: "A renovação da Comunidade Cristã só é possível reconhecendo o primado da graça. Se falta a profundidade espiritual pessoal e comunitária, a sinodalidade se reduz a um expediente organizativo" (no. 44).
E a última seção dessa parte fala: "Praticado com humildade, o estilo sinodal pode fazer da Igreja uma voz profética no mundo de hoje" (no. 47).
Nos cabe perguntar para nos reconhecermos nesse processo: somos essa Igreja que nos convida ao CUIDADO DAS RELAÇÕES? Sejam as relações interpessoais, sejam institucionais, sejam com a terra onde vivemos, o quanto estamos dispostos a abdicar do nosso individualismo, do nosso eu isolado, em favor do nós? Uma Igreja é a soma de um mais um que não dá dois, mas três, quatro, trinta, sessenta, cem... cuidemos dos nossos laços!