quarta-feira, 20 de novembro de 2024

Como se dará isso?

Por Diác. Eduardo Wanderley

Como se dará isso? A pergunta de Maria, mãe de Jesus e nossa mãe, é a pergunta de muitos de nós, ou mesmo de todos nós, em algum momento de nossas vidas. A presença do anjo surpreendeu a virgem, mas sua inquietação era, de fato, com aquela saudação: Ave, cheia de Graça! O Senhor é convosco. O que será que aquela frase queria dizer? O anjo percebeu e respondeu com uma frase muito importante para todos nós: não tenhas medo. E explicou o que iria acontecer. Mais uma vez, uma pergunta típica de nossa humanidade: como se dará isso? Depois da réplica, o anjo ainda afirma: para Deus, nada é impossível! Qual o nosso impossível hoje? O que nos inquieta, nos desestabiliza nesse momento?

As palavras do anjo são tão inspiradoras! Não tenhas medo! Hoje o mundo está com medo. Uma crise de esperança, de confiança. Nossos jovens, submetidos a um enxame de informações, não conseguem lidar com esse volume tão “monstruoso”. Se frustram, ficam desnorteados e amedrontados. Mas como superar esse medo? O Papa Francisco nos ajuda com algumas propostas durante uma conversa com o psicólogo Salvo Noè. “A proximidade com as pessoas, a capacidade de se confrontar, de fazer coisas juntos é o verdadeiro antídoto para o medo”, evidencia o Papa Francisco. “Muitas vezes, o isolamento, o sentir-se errado, ter problemas e não encontrar ajuda, pode levar a crises que se transformam em angústia mental. Meu trabalho está repleto de pessoas que se sentem solitárias e terrivelmente longe de ‘casa’. A solidão é o verdadeiro mal da nossa sociedade. Todos conectados com os telefones celulares, mas desconectados da realidade”. Diante do medo, o antídoto é a proximidade, o abraço, a hospitalidade da alma do outro em nossa própria alma, enfim, um novo humanismo.

E como se dará isso? Maria não é apenas história, é presença, é presente. Tantas Marias do hoje se perguntam: “como se dará isso?”. Tantas mães se perguntam como seus filhos passarão por essas provações. Tantas esposas se perguntam o que tornou seus maridos alcoólatras. Para elas, não é um marginal, mas um filho. Não é um bêbado, mas seu marido. Como a mãe de Jesus, que é nossa mãe, que não é deusa, nem é mais que Deus, nas palavras de Pe. Zezinho (canção Senhora e Rainha), se faz hoje presente e é imagem da Igreja? Ela é mais que exemplo. Por causa de nosso Senhor, se tornou nossa Senhora. Não se deve parar na inquietação: é preciso ir até o fim como Maria e dizer o seu “fiat”: faça-se em mim segundo a sua Palavra.

Para concluir, lembro de uma música de Paul McCartney dos Beatles: “Let it be!” Deixe estar, em tradução livre. A história da música é um sonho que ele teve com a mãe, de nome Mary ou Maria em português, falecida havia cerca de uma década na ocasião. Nas tribulações vivenciadas e angustiantes daqueles dias, o sonho foi um acalento. A mãe, presente no sonho, dizia com palavras de sabedoria: deixe estar. Deixe acontecer. Haverá uma resposta, deixe acontecer. Carrego comigo um belo ensinamento de minha, também falecida, sogra, dona Maria José: “Deixe o problema dormir. Amanhã você pensa melhor”. Let it be! Esperança!

Tantas Marias! Tantas inspirações. Maria, a mãe de Jesus, a mãe da Apresentação, nossa padroeira, se faz todos os dias tão presente! Com sua intercessão, com seus ensinamentos, com sua proximidade que nos dá colo. Valha-nos nossa Senhora, mãe da esperança!






Diácono Eduardo Bráulio Wanderley Netto

Paróquia de São Camilo de Léllis – Lagoa Nova – NatalArquidiocese de Natal


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