Por Diác. Zé Bezerra
Foi-se há muito o tempo de infância de algumas gerações em que se brincava de apostar alguma coisa diante da dúvida de um colega ou amigo sobre determinada afirmação ou situação. Diante de uma dúvida, alguém logo apelava. “Aposto que você está errado”! Ou, ainda, em brincadeiras como “jogar bola de gude”(biloca). Era o tempo em que as apostas não passavam de brincadeiras de momento e sem prejuízo às partes.
As apostas da atualidade não são mais “brincadeira de crianças” inocentes em processo de formação em suas comunidades ou em seus lares. As apostas da atualidade vão desde as legalmente realizadas, como através das loterias, até às clandestinas, como o assim chamado “jogo do bicho”, que resiste ao tempo e ainda se firmam no “vale o que está escrito”. Essa forma de aposta clandestina, ante a “vista grossa” das autoridades, ainda está presente nos tempos atuais. E há muitas pessoas que ainda fazem essas apostas no assim chamado “jogo do bicho”.
Mas os tempos mudaram, as tecnologias de comunicação avançaram e se tornaram cada vez mais populares e acessíveis. Ao ligar a TV em um programa esportivo ou para assistir a um determinado jogo, o que mais se vê é propagandas das chamadas “bets”, que são as casas de apostas da modernidade sobre os jogos da rodada e seus resultados. Surgiu uma gama de grupos de apostas legalizadas, mas também clandestinas, via redes sociais. Muitos grupos passaram a “explorar” esse “campo minado” chamadas “apostas virtuais tipo “bets”, envolvendo resultados de jogos de campeonatos por este brasilzão afora, envolvendo clubes de futebol e agregados.
O problema não está na aposta, se legalizada, mas nas “brechas” que essas “casas de aposta” podem abrir, como cooptar determinado jogador para que receba um cartão amarelo, ou seja expulso... Sim, porque a aposta pode se expandir também para essa “brecha” que a casa de aposta abre. Um exemplo é que as autoridades descobriram que muitas dessas “empresas clandestinas de apostas” passaram a influir no resultado dos jogos e, assim, faturam muito dinheiro, enriquecendo algumas pessoas e “depenando” outras. Quando alguém ganha uma dessas apostas, também há alguém que perdeu aquele dinheiro.
Outro problema sério é a possibilidade de “lavagem de dinheiro sujo” por meio dessas “casas virtuais de apostas”. Diante de tantos fatos suspeitos, houve investigação e a descoberta de ilegalidade em muitas delas. Surgiu a necessidade de exigir a legalização e transparência e, ao mesmo tempo, acompanhamento de perto dessas “apostas midiáticas”. Queira Deus que a legalização dessas casas de apostas e uma fiscalização eficiente gerem o recolhimento de impostos e evitem a lavagem de dinheiro sujo. Porque a ganância de alguns não tem limites!
O problema de quem se apega ao dinheiro é nunca se sentir satisfeito com o que tem e querer ganhar sempre mais. É esse tipo de pessoa que adere às apostas. Como ensina São Marcos, “que aproveitará ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder a sua vida”(Mc 8,36). O conselho aos cristãos é não cair nas chamadas “arapucas” dos tempos modernos, como alguns definem as casas de apostas. Veja o que diz São Timóteo: “Aqueles que ambicionam tornar-se ricos caem nas armadilhas do demônio e em muitos desejos insensatos e nocivos, que precipitam os homens no abismo da ruina e da perdição. Porque a raiz de todos os males é o amor ao dinheiro. Acossados pela cobiça, alguns se desviaram da fé e se enredaram em muitas aflições”(1Tm 6,9-10).