Por Diác. Zé Bezerra
Você já se imaginou naquele momento em que prestará contas a Deus dos seus atos aqui na terra? Provavelmente são poucas as pessoas que fizeram e fazem esta projeção do encontro com Deus, no Juízo Final. É aquele momento em que pessoa ficará diante do Senhor da Vida para ser julgado por suas ações praticadas ou não, durante sua vida terrena. Aos que praticaram boas ações serão postos de um lado e os que deixaram de praticá-las serão postos do outro lado, como narra o Evangelho de Mateus 25,21-46. Em outras palavras, trata-se das oportunidades de se praticar ou deixar de praticar os atos de caridade. A prática da caridade é, na verdade, um dos caminhos que conduzem à salvação eterna.
No seio da Igreja em todo o Brasil existem inúmeras ações caritativas, sejam por meio de instituições criadas para tal fim, ou individuais. São leigos e leigas, diáconos, presbíteros e religiosos e religiosas que cuidam de doentes, idosos desassistidos, crianças de famílias pobres ou sem lar e outras criaturas de Deus. Como relata Mateus, é Jesus mesmo quem se mostra necessitado. Mas não a Pessoa de Jesus, mas Jesus nas pessoas necessitadas. “Quem tem fome, quem tem sede, o peregrino que foi acolhido, o nu que recebeu roupas, o enfermo e o preso que foram visitado...”(Mt. 25,35-36). Quem não enxergar Jesus presente nesses necessitados e, por isso, não o ajudar, foi a Jesus mesmo que deixou de ajudar... E será julgado pelo que fez ou deixou de fazer, como diz o próprio Jesus: “Todas as vezes que deixastes de fazer isso a um destes pequeninos, foi a mim que o deixastes de fazer”(Mt. 25,45).
Mas, onde encontrar Jesus na figura dessas pessoas? A resposta é simples: nos desempregados, que vivem mendigando um prato de comida ou “um trocado pra comprar um pão”; nos que não têm um teto e dormem ao relento (nas beiras das calçadas, lembra da música do Pe. Zezinho?); nos doentes, maltrapilhos, sujos e que não recebem nenhuma ajuda... Em cada cidade, em cada paróquia e, principalmente, nas periferias das cidades e da vida, há muitos “Jesus” necessitados de ajuda. Há, em algumas paróquias e até nos poderes públicos, algumas ações nobres de acolhimento e atendimento aos necessitados... Mas também há muitos outros lugares em que não há nenhum serviço destinado a esses “Jesus” peregrinos da vida.
Na Diocese da Paraíba, por exemplo, o Diácono Severino Fernandes criou a Associação de Educação Popular e Promoção da Vida exatamente para atender a pessoas carentes, entre as quais crianças de famílias pobres de comunidades rurais. Levar melhor qualidade de vida aos “pequeninos” de Jesus é um ato de caridade. O Diácono Severino e outros irmãos de ministérios e leigos dirigem o organismo, que recebe muitas ajudas de produtores rurais e outros amigos. Mas o Diácono Severino está pagando um preço alto. Já fez uma cirurgia para desobstruir uma das artérias do coração e terá que fazer outra para desobstruir mais duas artérias.
Na Arquidiocese de Natal, há paróquias que recolhem alimentos e outros produtos para atender a famílias carentes, através da Pastoral Social. Há ainda organismos de assistência social que proporcionam melhor qualidade de vida a famílias, através de sistemas de captação de recursos para construção de cisternas, de sistemas de reuso de águas, fortalecimento de associações rurais e urbanas, produção de alimentos, entre outros.
Estes são alguns exemplos de ações que poderiam ser bem mais numerosas em favor dos despossuídos, daquelas pessoas necessitadas de qualidade de vida, e que você pode ajudar. Afinal, rezar e louvar a Deus é um ato cristão, mas também praticar a caridade para com os necessitados, como escreve o evangelista Mateus. Alguém pode argumentar que Jesus também disse que “Nem só de pão vive o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus”(Mt 4,4). Essa é a resposta de Jesus à tentação ocorrida no deserto, quando sentiu fome(Mt. 4,3). Lembre-se que Jesus manda pra longe dEle os que não deram de comer ao faminto, não deram de beber aos sedentos, não acolheram os peregrinos, não vestiram os nus, nem visitaram os enfermos e os que estavam na prisão(Mt 25,41-43). Não se deixe tentar pelo “encardido”